Após PEC do Estouro, Ibovespa acumula queda de 3,1% e dólar sobe 0,85% na semana
Nesta sexta-feira, principal índice da B3 fechou em baixa de 0,79% com fiscal em foco, enquanto dólar recuou a R$ 5,37
O Ibovespa encerrou esta sexta-feira (18) em leve queda, de 0,76%, aos 108.870,17 pontos, a terceira baixa seguida e o menor patamar desde 29 de setembro, diante de reação negativa a rumores sobre o comando da pasta da Fazenda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a tensão dos investidores frente a sinalizações fiscais.
IRB e Via foram as maiores influências negativas no índice, -8,64% e -8,3% respectivamente. Na mínima, o índice foi a 108.511,71 pontos e na máxima chegou aos 111.584,86 pontos. Na semana, o Ibovespa acumula recuo de 3,1%, segunda semana seguida de perdas.
Após uma quinta-feira agitada no mercado, com reação ao discurso do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao anúncio da minuta da chamada PEC do Estouro, que deixou os agentes com receios de uma deterioração fiscal, nesta sexta-feira o mercado iniciou as negociações oscilando bastante, na tentativa de recompor as perdas e ajustar os preços, mesmo que convivendo com alguma dose de aversão ao risco. Passou a manhã praticamente toda em alta, virou para queda no início da tarde e operou no campo negativo até o fechamento, após o dia começar positivo e perder sustentação com mercados lá fora, com preços em queda das commodities.
Já o dólar fechou com desvalorização de 0,58%, negociado a R$ 5,375, cotação bem acima da mínima do dia, depois de mais cedo ter chegado a ceder 1,45%, a R$ 5,328.
A moeda reverteu o avanço registrado na véspera após tentativas do governo eleito de tranquilizar os mercados quanto ao risco de descontrole fiscal na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto a possibilidade de a PEC da Transição ser enxugada no Congresso forneceu alívio adicional a investidores.
Na semana, a moeda norte-americana acumula ganho de 0,85%.
Gestores monitoram o comportamento e as falas de integrantes do governo de transição. As informações de bastidores e também as oficiais sobre o debate em torno da proposta para mudar o regime fiscal e o orçamento do próximo ano.
O ponto mais relevante da manhã desta sexta foi a fala de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, em um evento da Bloomberg. O principal recado foi: se a política fiscal for equivocada no próximo governo e promover uma alta da inflação, o BC vai reagir.
Mais cedo, o mercado reagia com positividade à saída de Mantega e à informação de que os líderes do Congresso Artur Lira e Rodrigo Pacheco podem enxugar os planos de uma mudança permanente, sem tempo determinado e com o custo elevado no orçamento federal, conforme adiantou o analista da CNN Caio Junqueira.
A demora na escolha e no anúncio do ministro da Fazenda é apontada como uma enorme fonte de incertezas por analistas, ainda assim, a iniciativa de Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente eleito, de apaziguar as últimas falas de Lula sobre política fiscal, fez algum efeito na primeira parte do dia.
Na véspera, a moeda norte-americana à vista subiu 0,45%, a R$ 5,4064 na venda, maior cotação para encerramento desde 22 de julho passado (R$ 5,4976). O Ibovespa fechou em queda de 0,49%.
*Publicado por Ligia Tuon e Ana Carolina Nunes