Mercado corta previsão para o PIB e estima recessão de 0,48% em 2020
Esta é a sétima redução consecutiva na expectativa, de acordo com o Boletim Focus
Em meio ao avanço da pandemia do novo coronavírus no país e as incertezas quanto seus impactos na atividade econômica brasileira, as expectativas dos economistas e das instituições do mercado financeiro para o avanço Produto Interno Bruto (PIB) neste ano despencaram.
Agora, a previsão passou de crescimento de 1,48% para uma contração de 0,48%. Esta é a sétima redução consecutiva na previsão para do resultado do PIB, de acordo com o Boletim Focus, relatório atualizado semanalmente e divulgado nesta segunda-feira (30/3) pelo Banco Central.
Enquanto o número do Focus traz, pela primeira vez, a previsão de recessão, o Ministério da Economia e do Banco Central ficaram mais tímidos e, apesar do corte nas projeções, mantiveram suas estimativas em 0,02% e 0%, respectivamente, ou seja, de estagnação para a atividade econômica. Apesar disso, o secretário de Políticas Econômicas do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, já comentou também que a equipe econômica já trabalha com a possibilidade de um cenário de recessão da atividade econômica. A recessão só pode ser considerado depois que o PIB vier negativo por, pelo menos, dois trimestres seguidos.
Também com um corte na projeção, a estimativa do mercado para a inflação deste ano passou para o patamar abaixo dos 3%. Na edição desta segunda (30), o Focus reduziu o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 3,04% para 2,94%. O valor está abaixo da meta e se aproxima da tolerância mínima fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para 2020, o centro da meta de inflação é de 4%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, mínimo de 2,5% e máxima de 5%.
Selic e dólar
Os analistas esperam um novo corte na taxa básica de juros, a Selic, prevendo que encerre o ano em 3,50% ao ano. Após a redução na última reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), a taxa se encontra na mínima histórica de de 3,75% a.a. O presidente do Banco Central, bem como a ata da reunião do Copom, no entanto, acreditam que é adequado a manutenção do atual patamar da Selic.
Já em relação ao dólar, as apostas de 2020 permaneceram em R$ 4,50, a mesma projeção de uma semana atrás. Em 2019, a moeda norte-americana encerrou o ano em R$ 4,0195. Após o carnaval, com um período de forte instabilidade no mercado, a moeda quebrou recordes máximos chegando a atingir o patamar dos R$ 5.