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    Menos de 5% das startups são fundadas por mulheres; como mudar esse cenário?

    Pesquisa mostra que as mulheres sofrem no momento de buscar capital; solução pode ser ter fundos de investimentos dedicados somente a mulheres

    Foto: CoWomen/Unsplash

    Estela Aguiar*, do CNN Brasil Business, em São Paulo

    No Brasil, menos de 5% das startups são exclusivamente fundadas por mulheres. Esse número chega a 5,1% quando se trata de co-fundadoras, em que a abertura da empresa acontece com um sócio homem. Estes dados foram revelados na primeira edição do estudo “Female Founders Report”, realizado pelo Distrito em conjunto com a B2Mamy e a Endeavor. Nele, foram mapeadas 13 mil startups do Brasil. 

    Segundo Lilian Natal, sócia e chefe do Distrito, o levantamento foi uma forma de olhar para dentro deste mercado. “Para analisar o ecossistema como um todo não basta só fazer a pesquisa, é preciso saber quais são os desafios que essa empreendedora enfrenta, o que a desanima”, explica.

    A pesquisa mostra que as mulheres sofrem no momento de buscar capital para seus negócios. Durante o processo de captação de investimentos, 45,7% das entrevistadas responderam que são questionadas pelos possíveis investidores se possuem o conhecimento técnico da área, 29,9% são questionadas se são mães e 61,4%, se possuem condições de conduzir os negócios. 

    Para Lilian Natal, essas perguntas revelam que infelizmente um preconceito de gênero ainda tem predominância no mundo dos negócios.

    São perguntas que os homens jamais recebem.

    Lilian Natal, sócia e chefe do Distrito

     

    Mais mulheres investindo

    O estudo verificou em quais setores há mais participação de mulheres. O maior destaque é para a área de Fashiontech, com o índice de 61%, seguido por RH e Gestão de Pessoas, com 26,7%. Entre cofundadoras, áreas como Saúde e Biotecnologia têm uma presença feminina mais marcante, sendo 15,2% no setor.

    É o exemplo da Theia, healthtec que conecta mulheres grávidas a uma rede de profissionais especializados, com o intuito de promover uma gravidez segura e humanizada. 

    As fundadoras Flávia Deutsch e Paula Crespi conseguiram captar recursos em 2019 para o desenvolvimento da marca, levantando o maior investimento daquele ano conquistado por mulheres na América Latina, de R$ 7 milhões. Para elas, uma forma de mudar este cenário é mulheres ocuparem outros postos dentro do universo de startups.

    Precisa ter mais mulheres investindo, pois entrando mais mulheres como investidoras teremos um novo cenário em todos os sentidos

    Flávia Deutsch, fundadora da Teia

     

    Essa  mudança também pode ocorrer por meio de fundos de investimentos dedicados somente a mulheres, como é o caso da iniciativa da Mônica Blatyta. A empresária é co-founder da EquWOW Ventures, embaixadora na Endeavor Brasil e aceleradora de startups.

    “Existe uma dificuldade real de as mulheres captarem dinheiro para suas empresas e estou montando meu fundo para mudar as estatísticas. Estamos na fase de mapear o mercado e de  entender no detalhe a dor dessas emprendedoras”, explica. 

    Impacto positivo

    Outro ponto revelado pelo estudo é o impacto positivo causado por mulheres líderes nos ambientes em que atuam. Quando há mulheres dentro destes negócios, o ambiente tende a ter resultados 25% melhores. 

    Para o cofundador da aceleradora de startups ACE Pedro Waengertner, times com presença feminina saem na frente de outras startups que possuem somente homens em seu quadro de funcionários. 

    “Quando a gente tem um time misto, diverso, vemos uma performance interessante, e é algo que nós defendemos. Esse mercado empreendedor, notadamente, atrai o público masculino, e o trabalho mais importante é o de base, de estímulo, e construir histórias que mostram isso, como a Cristina Junqueira, CEO da Nubank”, alega. 

    * Sob supervisão de Natalia Flach e Maria Carolina Abe