Medidas de controle são fundamentais na retomada de eventos, diz infectologista
Professora da Unicamp avalia que população de vacinados no Brasil ainda é baixa e não será possível exigir que todos participantes tenham tomado as duas doses
O governo do estado de São Paulo definiu um calendário com 30 eventos-teste que acontecerão até novembro. O primeiro deles, chamado Expo Retomada, ocorreu em Santos e foi programado para receber até 1.500 pessoas. Na avaliação da professora e infectologista da Unicamp, Raquel Stucchi, os boletins epidemiológicos apontam que o Brasil registra queda no número de casos, hospitalizações e de mortes, mas a adoção de medidas de proteção contra a Covid-19 ainda é essencial para a realização de atividades com a presença de público.
“Com estas reduções, eu acredito, sim, que nós estamos em um momento onde é possível retomar algumas atividades, mas isso não significa que a pandemia está sob controle”, afirmou a médica, em entrevista à CNN. “As medidas físicas de controle de transmissão, o uso das máscaras, higienização das mãos e manter o distanciamento, ainda são fundamentais.”
Segundo Stucchi, em um cenário ideal, a organização de eventos com público aconteceria apenas quando os números de novos casos de Covid-19 no país estivessem em um patamar menor.
“O ótimo é inimigo do bom. Talvez o momento ideal fosse aquele onde estivéssemos não em um patamar tão alto como nós estamos, e já tivéssemos conseguido baixar, reduzir, cair em uma curva quase sem casos e sem hospitalizações. Mas a expectativa que todos nós temos é que vamos conviver com números altos ainda por um bom tempo”, pontua.
Na visão da médica, o Brasil não conseguirá realizar eventos-modelo seguindo o que Europa e Estados Unidos fizeram. “Lá, uma exigência para participar dos eventos-teste ou eventos-modelo é estar completamente vacinado e nós sabemos que aqui, no Brasil, nós não temos um grande percentual de população completamente vacinada. Esse percentual é muito pequeno, e o evento-teste não aconteceria se fosse este um requisito.”
No entanto, ela diz que realizando testes RT-PCR e ou de pesquisa de antígeno, monitorando a cada dois dias todos os participantes e, também, seus contatos mais próximos, seria uma maneira de ter um controle maior das transmissões nos eventos.
“O que eu espero é que a taxa de transmissão ou o número de pessoas que vão contrair a Covid-19 naquele local seja menor do que está acontecendo na cidade onde o evento for realizado.”
Réveillon e Carnaval
A professora e infectologista diz que ainda não é seguro anunciar eventos de grandes proporções para os próximos meses. “Já planejar e anunciar um evento com centenas de milhares de pessoas para dezembro, janeiro, fevereiro eu acho que é muito precipitado. Nós não temos condições e segurança ainda de falar que eles acontecerão.”
* (supervisionado por Elis Franco)