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    ‘Maiores desafios do Brasil estão ligados ao fiscal’, diz presidente do BC

    Campos Neto voltou a defender o ajuste das contas públicas como forma de aumentar a credibilidade do país internacionalmente

    O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (19.dez.2019)
    O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (19.dez.2019) Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

    Anna Russi, Da CNN Brasil, em Brasília

    Para o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, os maiores desafios do Brasil são diretamente ligados ao seu desequilíbrio fiscal. Por isso, ele voltou a defender o ajuste das contas públicas como forma de aumentar a credibilidade do país internacionalmente. 

    “Fomos capazes de quebrar a dinâmica de juros altos e eu acho que isso foi para dar credibilidade para o mercado, em termos de mostrar que estávamos em direção à convergência fiscal”, disse em evento virtual do Fundo Monetário Internacional (FMI) com o Banco Mundial, transmitido nesta terça-feira (6). 

    “Então, eu acho que é basicamente sobre fiscal”, completou. 

     

    Ao reforçar que a alta de preços em determinados setores da economia são temporários, o chefe da autoridade monetária admitiu que há contaminação de outros núcleos inflacionários. Segundo ele, isso é o que justifica o início da elevação de juros. 

    “De uma reunião para outra, a projeção para a inflação de 2020 praticamente pulou de 2%, 3,4% para 5%. Essa diferença pode ser toda atribuída principalmente a commodities e depreciação [do real]. Olhamos para isso, mas vemos contaminação nos números centrais por causa da persistência da desvalorização e da persistência das commodities em um preço mais alto”, afirmou. 

    Campos Neto ainda ressaltou que explicar a alta de juros enquanto o país ainda sofre com os efeitos da pandemia é difícil. “Nós ainda achamos que precisamos de condições estimulativas, por isso, estamos fazendo uma normalização apenas parcial”, acrescentou. 

    Ele voltou a falar sobre a avaliação do Banco Central de que uma alta mais forte incialmente poderá resultar em uma elevação menor ao final do movimento. 

    Segundo ele, o mercado global passa por uma reflação, com alta de preços por conta da recuperação econômica pós-pandemia. No Brasil, aliado a isso, que é responsável pela alta das commodities, houve o programa do auxílio emergencial. 

    “Transferimos uma grande quantia de dinheiro para as pessoas, o que se transformou em consumo. Os itens que estão subindo de preço estão mais ligados à cesta de consumo de pessoas que foram beneficiadas por esse programa”, destacou ao citar também questões climáticas que afetaram a colheita. 

    O presidente do BC ainda acredita que o efeito é pior para países emergentes, nos quais o peso dos alimentos na inflação é maior quando comparados com economias desenvolvidas. Outro ponto que aumenta a diferenciação entre emergentes e desenvolvidos são os pacotes fiscais necessários para o combate à pandemia. 

    “Estamos neste ambiente, no qual, de repente, o mercado começou a precificar o fato de que temos que elevar os juros, mas temos uma dívida muito maior. Temos essa diferenciação porque países com dívidas mais altas tiveram maior desvalorização em suas moedas e uma elevação maior dos prêmios de risco no fim da curva”, observou. 

    Na visão dele, em países desenvolvidos, as pessoas ainda enxergam que “se houver um crescimento maior do que o que se paga em juros, está tudo bem”.