Lucro das empresas de capital aberto dobra no 4º tri, mas despenca 40% no ano
Levantamento da Economatica mostra que lucro líquido no último trimestre de 2020 foi de de R$ 62,1 bilhões
O lucro das empresas de capital aberto no Brasil aumentou 102,9% no quarto trimestre de 2020 em comparação ao mesmo período de 2019, mas, mesmo assim, não foi o suficiente para estancar as perdas.
Durante todo o ano passado, as companhias viram seus ganhos despencarem em 40%, puxados pela pandemia do novo coronavírus — é o que aponta um levantamento feito pela Economatica.
Segundo o estudo, o lucro líquido somado das companhias listadas no Brasil foi de R$ 62,1 bilhões no último trimestre. Para o levantamento, foram consideradados os dados de 254 empresas não financeiras com dados disponíveis no quarto trimestre de 2020 e 2019.
Já a receita líquida das empresas foi de R$ 543,7 bilhões no mesmo período, valor 19,8% maior do que o de 2019.
Empresas como a Vale e a Petrobras foram excluídas por “distorcerem a amostra”. Isso porque, no quarto trimestre de 2020, o lucro trimestral da Petrobras foi o maior da história para uma empresa de capital aberto e a receita, por exemplo.
Mas se colocarmos Vale e a Petrobras na lista, a queda de lucratividade em 2020 chega a “apenas” 41,2%.
Quando as instituições financeiras são levadas em conta, o total de empresas sobe para 327 no total, com um lucro de R$ 90 bilhões — uma variação negativa de 30,3%, ou de R$ 39 bilhões a menos do que em 2019.
Os setores mais afetados
Dentre os 23 setores analisados, apenas o de educação teve prejuízo no quarto trimestre de 2020, fechando o ano com um prejuízo de mais de R$ 4 bilhões e quatro empresas com capital aberto.
Porém, o cenário piora quando analisado o ano como um todo. Oito setores tiveram prejuízo quando analisados os 12 meses de 2020. Os piores resultados ficaram com os setores de transportes (prejuízo de R$ 17,2 bilhões) e o de papel e celulose (R$ 13,2 bilhões).
Na outra ponta, quando analisado o ano inteiro, o setor que mais lucro (de longe) foi o de energia elétrica, com 33 empresas e R$ 18,7 bilhões em ganhos. Porém, quando o recorte inclui os bancos, eles se tornam o segmento que mais lucra, com R$ 26,3 bilhões.
As empresas mais lucrativas (e as menos)
Sem ignorar as duas maiores estatais brasileiras ou o setor bancário, é da Vale o posto de empresa que mais lucrou no ano todo, com R$ 26,7 bilhões, seguida pelo Itaú Unibanco com R$ 18,9 bilhões, com o Bradesco em terceiro, lucrando R$ 16,5 bilhões.
O ranking das 20 empresas mais lucrativas, segundo a Economatica, traz cinco bancos, quatro companhias de energia elétrica, três de alimentos & bebidas, duas de mineração e petróleo e gás e outros quatro setores com uma empresa cada.
Já a lista dos maiores prejuízos tem a Azul na liderança (perdas de R$ 10,8 bilhões), seguida pela Suzano (prejuízo de R$ 10,7 bilhões) e pela Oi (R$ 10,5 bilhões no vermelho). Outras empresas como a Smart Fit, a Gol, a Embraer e a Braskem também aparecem no top 20 de menor lucratividade.