Lucro da Eneva sobe 38% com uso maior de termelétricas na crise hídrica
Geralmente despachadas em agosto, usinas térmicas da companhia estão acionadas desde maio para complementar geração de energia das hidrelétricas
A Eneva aumentou em 38% o seu lucro líquido no segundo trimestre, para R$ 118,1 milhões, com impulso de uma antecipação de despachos de suas térmicas, que foram chamadas a produzir antes devido à seca que afeta a geração hidrelétrica do país.
Neste contexto, a geração de caixa medida pelo Ebitda ajustado da Eneva cresceu 35% na comparação como segundo trimestre de 2020, para R$ 377,5 milhões, enquanto a receita operacional líquida saltou 85,6%, para R$ 962,5 milhões.
“As termelétricas costumam começar a ser despachadas na metade do ano, às vezes em agosto. Este ano, na terceira semana de maio começamos a ligar, final de maio já estava tudo ligado”, afirmou à Reuters o diretor financeiro da Eneva, Marcelo Habibe.
“Junho ficou ligado e muito provavelmente ficaremos ligados no ano inteiro, e possivelmente no ano que vem também”, acrescentou ele.
A Eneva, que produz o próprio gás consumido pelas termelétricas, possui seis unidades geradoras de energia.
Dessas, quatro são movidas a gás natural, todas situadas no Maranhão, enquanto outras duas são a carvão, sendo uma no Estado maranhense e outra no Ceará.
“Como as térmicas da Eneva são as mais baratas do país, pelo simples motivo de serem abastecidas com o nosso próprio gás, são chamadas a despacho mais cedo”, explicou.
No segundo semestre, normalmente as térmicas da Eneva produzem entre julho e novembro, mas em 2021, devido às condições secas, provavelmente vão operar toda a segunda metade do ano, disse o diretor.
“Contribuímos muito para o país, essas termelétricas baratas são importantes para manter estabilidade do sistema, para não ter risco do apagão, cumprimos papel importante e conseguimos fazer resultado”, destacou.
A Eneva ainda tem outras duas térmicas em construção: Parnaíba 5 e Jaguatirica II –esta última em fase final, devendo ficar pronta no último trimestre do ano.
Ela deverá abastecer Boa Vista, que não está ligada ao sistema elétrico nacional.
Nesta semana, a Eneva reportou uma atualização de suas reservas de gás, nas bacias de Amazonas e Solimões, mostrando um aumento importante nos volumes, o que deverá colaborar para o atendimento da geração elétrica no Norte do país, disse Habibe.
Segundo o diretor, os resultados comprovaram que as reservas são maiores do que se imaginava.
Ele comentou que o campo de Azulão, comprado há três anos da Petrobras, tinha 3,6 bilhões de metros cúbicos de gás reservas certificadas, mas volume é bem maior.
“Começamos a fazer poços e hoje já identificamos 6,2 bilhões de metros de gás. E no entorno do Azulão também achamos recursos, 5,8 bilhões”, disse.
As reservas de gás da Eneva ficam a mais ou menos 300 km de Manaus e 1.100 km de Boa Vista, e o insumo será transportado por rodovias até as térmicas devido a dificuldades ambientais para se construir gasodutos na floresta Amazônica.
Questionado sobre como está a negociação entre a Eneva e a Petrobras sobre o polo Urucu, na Bacia do Solimões, o diretor afirmou que as conversas prosseguem, mas não há ainda definição.
As negociações entre as duas companhias foram iniciadas no início do ano.