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    Julius Baer: Procura por ações da economia real vai favorecer bolsa brasileira

    Confiança em retomada econômica deve atrair mais investidores para papéis apoiados em consumo

    Por Paula Arend Laier, da Reuters

    As ações brasileiras devem se beneficiar da continuidade da rotação nos portfólios para papéis de ‘valor’ e de um ambiente externo favorável, enquanto a retomada econômica deve reduzir o ritmo e o prognóstico fiscal pós Covid-19 continua desafiador, avalia Mathieu Racheter, do Julius Baer.

    Na visão do analista de pesquisa e estratégia para mercados emergentes do banco suíço, a economia do Brasil apresentou uma recuperação sólida no terceiro trimestre, apoiada no consumo maior das famílias e salto em investimentos, mas essa reação deve perder fôlego nos últimos meses do ano.

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    “Com a taxa de desemprego ainda em um nível recorde, menos estímulo e alguns Estados enfrentando uma segunda onda de casos Covid-19 –São Paulo, por exemplo–, acreditamos que a recuperação econômica provavelmente perderá força a partir do quarto trimestre”, afirmou em comentário a clientes.

    Dados do IBGE mostraram que a economia do Brasil teve expansão recorde no terceiro trimestre, com o PIB crescendo 7,7% em relação aos três meses anteriores, no melhor desempenho desde o início da série, em 1996. O consumo das famílias subiu 7,6% e formação bruta de capital fixo (FBCF) avançou 11%.

    A perspectiva para o cenário fiscal após a pandemia, por sua vez, permanece “claramente” desafiadora, afirmou o analista, acrescentando que não está claro se o governo será capaz de avançar em seu programa de reformas econômicas estruturais, que ajudou a bolsa desde a eleição de Jair Bolsonaro em 2018.

    No ano passado, o Ibovespa subiu mais de 30%, tendo atingido máxima histórica intradia em janeiro de 2020, a 119.593,10 pontos. A pandemia reverteu o movimento e chegou a derrubar o índice a quase 60 mil pontos, mas boa parte da perda já foi recuperada e o declínio no ano agora é de “apenas” 2%.

    “Nós devemos ter maior visibilidade sobre a frente de reformas nos próximos meses, provavelmente após a eleição dos novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, em fevereiro de 2021”, calcula Racheter, que no segmento de renda fixa continua vendo melhores oportunidades na área corporativa.

    Analistas financeiros têm citado a rotação nos portfólios para ações de “valor” e “cíclicas”, com maior peso no Ibovespa, como bancos e papéis de commodities como Vale e Petrobras, em detrimento de ações de “crescimento”, como um componente relevante para a recuperação mais forte recentemente.

    Apenas no mês passado, o Ibovespa subiu 15,9%, no melhor resultado para o mês desde 1999, também embalado pelo retorno do capital externo ao mercado secundário de ações brasileiro e noticiário promissor sobre vacinas contra o coronavírus.

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