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    JP Morgan avisa que a economia dos EUA está prestes a encolher

    Na sexta-feira (20), o JPMorgan se tornou o primeiro banco de Wall Street a alertar que o PIB ficará negativo no início do ano que vem

    Fachada do banco JP Morgan: empresa foi a primeira a prever PIB dos EUA negativo no primeiro trimestre
    Fachada do banco JP Morgan: empresa foi a primeira a prever PIB dos EUA negativo no primeiro trimestre Foto: Stephanie Keith/Foto de arquivo/Reuters

    Matt Egan, do CNN Business, em Nova York

    A pandemia está se intensificando, os toques de recolher em vários estados estão de volta e Washington está dormindo no ponto. Esse pano de fundo tóxico está prejudicando a recuperação econômica dos Estados Unidos no momento em que Joe Biden se prepara para assumir o comando – e o JPMorgan avisa que a economia está de fato prestes a encolher.

    Na sexta-feira (20), o JPMorgan se tornou o primeiro banco de Wall Street a alertar que o PIB ficará negativo no início do ano que vem, enquanto os norte-americanos aguardam a distribuição das vacinas.

    “Este inverno será sombrio”, escreveram os economistas do JPMorgan em uma nota ao cliente, “e acreditamos que a economia se contrairá novamente” no primeiro trimestre.

    Depois de um forte crescimento no início do segundo semestre, a economia está perdendo rapidamente o fôlego. O terceiro trimestre trouxe um crescimento recorde de 33,1% anualizado, mas agora o JPMorgan espera que o PIB diminua para 2,8% no quarto trimestre e depois encolha 1% durante os primeiros três meses de 2021.

    As infecções por Covid-19 têm disparado em números recordes, forçando o retorno das temidas restrições à saúde: na cidade de Nova York escolas públicas foram fechadas novamente na semana passada; Califórnia e Ohio emitiram toques de recolher em todo o estado e até mesmo o National Zoo está fechando novamente. Todas essas etapas adicionarão pressão à economia dos EUA.

    “Abandono do dever”

    O governo federal não consegue chegar a um acordo sobre como tratar a nova fragilidade econômica. Republicanos e democratas falharam repetidamente em chegar a um consenso sobre um novo alívio fiscal, criando um cenário onde 12 milhões de norte-americanos podem perder benefícios até o final do ano.

    “O Congresso falhou com o país”, disse David Kotok, diretor de investimentos da Cumberland Advisors.

    Ian Shepherdson, economista-chefe da Pantheon Macroeconomics, criticou o Congresso por um “terrível abandono do dever”.

    Na semana passada, o Departamento do Tesouro adicionou mais lenha à bagunça ao arrancar US$ 455 bilhões de fundos que o Federal Reserve estava usando para programas de empréstimos de emergência. O Fed emitiu um comunicado se opondo à medida, marcando uma rara disputa pública entre o banco central e o Departamento do Tesouro. E isso simplesmente no meio de uma crise.

    O secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, disse que esses fundos podem ser usados pelo Congresso para estimular a economia, mas não há garantia de que um acordo possa ser alcançado na Casa. Além disso, este é um momento bizarro para remover a munição que o Fed está usando para combater a crise.

    “Trump teria assinado um projeto de lei antes das eleições. Agora, ele está imprevisível e nosso governo nacional parece estar um caos”, afirmou Kotok.

    Até a Câmara de Comércio dos Estados Unidos, uma organização normalmente favorável aos republicanos, disse que a decisão de Mnuchin “fecha a porta a importantes opções de liquidez para empresas no momento em que elas mais precisam”, acrescentando que “ela amarra desnecessariamente as mãos do novo governo”.

    Luz no fim do túnel

    A boa notícia é que descobertas médicas sugerem que a recuperação econômica pode voltar ao rumo no ano que vem. Tanto a Pfizer como a Moderna anunciaram primeiros resultados de seus testes, indicando que suas candidatas a vacinas são cerca de 95% eficazes – muito mais do que os especialistas previram.

    Embora leve tempo para distribuir essas vacinas, elas devem eventualmente trazer alívio para as partes da economia esmagadas pela pandemia: o setor hoteleiro, as companhias aéreas, as companhias de cruzeiro, restaurantes e cinemas.

    “O sucesso inicial de alguns grandes testes de vacinas aumenta nossa confiança de que a intervenção médica pode limitar os danos que o vírus infligiu à economia dos Estados Unidos”, escreveram economistas do JPMorgan.

    O JPMorgan espera que a economia cresça “rapidamente” durante o segundo e terceiro trimestres, com crescimento anualizado de 4,5% e 6,5%, respectivamente.

    Claro, algumas partes da economia dos EUA estão em franca expansão.

    Alimentado por taxas de financiamento imobiliário extraordinariamente baixas e uma corrida para os subúrbios, as vendas de casas nos EUA aumentaram em outubro para o nível mais alto desde o pico da bolha em 2006.

    A força do mercado imobiliário ajuda a atenuar os problemas econômicos mais amplos causados pela pandemia.

    Aumento de demissões

    Ainda assim, há sinais crescentes de que o agravamento da disseminação da Covid-19 está afetando a economia dos EUA.

    As vendas no varejo quase não cresceram em outubro e, pela primeira vez desde abril, os gastos em bares e restaurantes caíram. As reservas em restaurantes no site OpenTable atingiram o pico em meados de outubro e caíram mais da metade em relação ao ano anterior.

    “A recuperação dos restaurantes foi interrompida em outubro”, disse Shepherdson, da Pantheon.

    A Target, um dos maiores varejistas do país, teve uma explosão no terceiro trimestre, mas alertou que a pandemia e a economia do país representam riscos reais daqui para frente.

    Raphael Bostic, o presidente do Atlanta Federal Reserve, disse na CNBC esta semana que as autoridades estarão “prestando muita atenção” para ver se a “fraqueza” nos gastos do varejo se transforma em algo pior.

    Enquanto isso, a recuperação do mercado de trabalho está perdendo fôlego – e será pressionada pelas novas restrições de viagens. Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram na última semana pela primeira vez em um mês. Na casa dos 746 mil, os pedidos de desemprego pela primeira vez permanecem bem acima dos piores níveis da Grande Recessão.

    A economia dos EUA mostrou uma resiliência surpreendente, pelo menos até as últimas semanas.

    Mas, agora, Aneta Markowska, economista-chefe da Jefferies, teme que a última subida do coronavírus e as restrições ligadas à saúde façam com que os gastos do consumidor norte-americano, o maior impulsionador da economia, caiam para zero no quarto trimestre.

    “Há um risco real de que possamos contrair”, disse Markowska.

    Cicatrizando medos

    Wall Street não se incomodou com a desaceleração econômica. O índice Dow está flertando com 30 mil pontos e o S&P 500 está no caminho certo para um dos melhores meses da história. Investidores estão acumulando ações que se beneficiarão com a vacina.

    “Se você é um investidor com um horizonte de longo prazo, pode olhar através dessa fraqueza de curto prazo”, disse Markowska. “Se você é funcionário de um setor sensível à Covid-19, as vacinas ainda não o ajudam de jeito nenhum”.

    A resposta inicial sem precedentes do Fed, do Congresso e da Casa Branca teve como objetivo limitar os danos econômicos permanentes da pandemia. As autoridades procuraram evitar falências, fechamentos de empresas e perdas permanentes de empregos.

    O JPMorgan, no entanto, disse que o aumento no número de perdas de empregos permanentes é um “desenvolvimento preocupante” porque pode levar mais tempo para que os recém-desempregados encontrem trabalho, além de correrem o risco de ficar sem seguro-desemprego.

    A esperança é que uma recuperação mais rápida em 2021 limite as cicatrizes para a economia. Mesmo assim, “alguns danos duradouros ainda parecem inevitáveis”, disse o JPMorgan.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês)

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