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    Ipea: desemprego seria de 19,4% no 1º tri com força de trabalho totalmente ativa

    A crise sanitária ainda sustenta um número elevado de inativos, ou seja, pessoas que nem têm emprego nem procuram uma vaga

    Daniela Amorim, do Estadão Conteúdo

    A taxa de desemprego no Brasil seria atingido 19,4% no primeiro trimestre deste ano, se a força de trabalho tivesse voltado ao ritmo registrado antes da pandemia, estima cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). No entanto, a crise sanitária ainda sustenta um número elevado de inativos, ou seja, pessoas que nem têm emprego nem procuram uma vaga e, portanto, estão fora da força de trabalho.

    De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país registrou 14,7% na taxa de desemprego no primeiro trimestre de 2021, impactando 14,8 milhões de pessoas. Essa é a maior taxa da série histórica iniciada em 2012.

    No período de um ano de pandemia, 6,573 milhões de postos de trabalho foram extintos, mas a população desempregada aumentou em 1,956 milhão de pessoas. O desemprego não cresceu mais porque mais 9,202 milhões de brasileiros optaram por aderir à inatividade, ou seja, não trabalharam nem buscaram uma vaga. Porém, os inativos, são aqueles que nem têm emprego e nem estão em busca de vagas, mas representam uma parcela significativa da população que tem sido sustentada pela crise sanitária. 

    “Para os próximos meses, a expectativa é que esse movimento de recomposição da força de trabalho se intensifique, tendo em vista que o avanço da vacinação, combinado à retomada mais forte da atividade econômica e à adoção de um auxílio emergencial menos abrangente e de menor valor, contribuirá para o retorno ao mercado de trabalho de uma parcela da população que havia migrado para a inatividade. Logo, mesmo diante de uma expansão da ocupação, esta não deverá ser suficientemente forte para reduzir a taxa de desemprego”, previram os pesquisadores do Ipea Maria Andréia Parente Lameiras, Carlos Henrique Corseuil e Lauro Ramos, na Carta de Conjuntura divulgada nesta segunda-feira (28).

    Os especialistas esperam que o retorno ao mercado de trabalho de parte desses inativos impeça uma queda maior na taxa de desemprego mesmo com a esperada melhora na geração de vagas decorrente da recuperação da atividade econômica.

    “Deve-se ressaltar ainda que, além da recomposição da força de trabalho, o nível elevado de subocupados também pode atuar como um limitador à queda da desocupação, tendo em vista que, antes de abrir uma nova vaga, há a possibilidade de estender a jornada de trabalho de indivíduos já ocupados”, apontou o artigo do Ipea.

    No primeiro trimestre deste ano, havia 7,032 milhões de trabalhadores subocupados por insuficiência de horas trabalhadas. Se considerados todos os brasileiros que estão subutilizados, faltou trabalho para inéditos 33,202 milhões de pessoas no País. A conta inclui quem busca emprego, quem trabalha menos horas do que gostaria e poderia, além dos que estão disponíveis para trabalhar embora não estejam buscando vaga, como os desalentados.