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    Investimento estrangeiro caiu 62% no Brasil em 2020, indica levantamento da ONU

    A UNCTAD afirma que os países da América Latina muito provavelmente não recuperarão o nível anterior à crise antes de 2023

    Matheus Prado, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Dados apresentados nesta segunda-feira (21) pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), braço da ONU, mostram que o Investimento Estrangeiro Direto (IED) no Brasil tombou 62% em 2020.

    Segundo o relatório, o país recebeu apenas US$ 25 bilhões no ano passado, com investimentos em extração de petróleo e gás, fornecimento de energia e serviços financeiros perdendo espaço. Com isso, o Brasil caiu cinco posições no ranking e agora ocupa o décimo primeiro posto.

    Globalmente, este número recuou 35%, de US$ 1,5 trilhão para US$ 1 tri. Os bloqueios causados pela pandemia da Covid-19 em todo o mundo atrasaram os projetos de investimento existentes e as perspectivas de uma recessão levaram as empresas multinacionais a reavaliar novos projetos, disse o órgão.

    “A América Latina sofreu a queda mais acentuada de IED entre os países em desenvolvimento. Enfrentaram um colapso na demanda de exportação, queda nos preços das commodities e o desaparecimento do turismo, levando a uma das piores contrações na atividade econômica em todo o mundo”, disse o diretor de investimentos e empresas da UNCTAD, James Zhan.

    “Mais importante ainda, a pandemia teve consequências graves para o investimento internacional em setores relevantes para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), com uma contração do investimento em infraestrutura em mais de 75%. Isso aumenta a vulnerabilidade da região e representa um grande obstáculo para alcançar os ODS.”

    O levantamento mostra ainda que a recuperação entre setores foi desigual, com as commodities sustentando uma melhora do ambiente no segundo semestre, enquanto as indústrias petrolífera, de manufatura e viagens e lazer tiveram impacto negativo mais contundente.

    O IED para a América do Sul caiu mais da metade, para US$ 52 bilhões, com os fluxos para o Brasil e o Peru atingindo o nível mais baixo em duas décadas. Entre os vizinhos, as quedas foram de 38% na Argentina, 33% no Chile e 46% na Colômbia. 

    Espera-se para 2021, segundo o relatório, que os fluxos de investimento de e para a região permaneçam em um nível baixo. Mais do que isso, a entidade afirma que os países muito provavelmente não recuperarão o nível anterior à crise antes de 2023.

    Enquanto isso, a Europa perdeu 80% do IED em um ano, a América do Norte tombou 42%, a África viu queda de 16% e a Ásia teve acréscimo de 4%. Em 2021, o valor pode subir de 10% a 15% globalmente.

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