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    Inflação industrial recorde da China também ameaça abastecimento global

    Índice de preços do produtor subiu 10,7% em setembro, maior alta em 25 anos

    Laura Heda CNN

    O custo dos produtos que saem das fábricas da China está subindo na taxa mais alta já registrada, alimentando temores sobre estagflação na segunda maior economia do mundo, em um momento em que o país já luta contra uma crise grave de energia e com o agravamento das dívidas.

    O índice de preços ao produtor – que mede o custo dos produtos vendidos às empresas – subiu 10,7% em setembro em relação ao ano anterior, de acordo com dados do governo divulgados nesta quinta-feira (14). Esse é o maior aumento desde 1996, quando o governo começou a divulgar o dado, de acordo com a firma Eikon Refinitiv.

    O aumento pode ser atribuído aos “preços mais altos do carvão e de produtos de setores de energia”, disse Dong Lijuan, do Escritório Nacional de Estatísticas da China, em um comunicado. O custo do carvão está em nível recorde no país, à medida que os suprimentos lutam para acompanhar a demanda das usinas de energia.

    Os dados de hoje mostram que os custos crescentes das matérias-primas estão reduzindo agressivamente os lucros das empresas chinesas, um problema que pode forçá-las a desacelerar a produção ou até mesmo demitir funcionários. Algumas fábricas já reduziram turnos devido ao racionamento de energia.

    As empresas que compram produtos na China já estão lutando com o congestionamento dos portos, aumentando as taxas de frete e atrasos. O aumento dos preços e a redução da produção podem significar mais problemas para as cadeias de suprimentos globais que já estão sob pressão. Analistas do Citi escreveram em nota que a inflação global pode continuar subindo à medida que o “choque de oferta da China se espalha pelas cadeias de abastecimento globais”.

    A inflação nos Estados Unidos e na Europa atingiu seu pico em 13 anos. A Alemanha, que tem laços comerciais estreitos com a China, viu sua inflação atingir o pico de 29 anos no mês passado.

    Contínua crise de energia

    A alta inflação também é problemática para a economia chinesa.

    O país já está passando por uma crise de energia que está afetando a produção das fábricas e levando a cortes de energia em algumas áreas – um problema alimentado pela demanda no início deste ano por projetos de construção que precisam de combustíveis fósseis e estão em desacordo com as metas de Pequim para cortar as emissões de carbono.

    “O risco de estagflação está aumentando”, escreveu Zhiwei Zhang, economista-chefe da Pinpoint Asset Management. “A ambiciosa meta de neutralidade de carbono coloca pressão persistente sobre os preços das commodities, que serão repassados ​​às empresas”.

    Linhas de transmissão de energia na província em Shenyang, na província de Liaoning, na China /

    A inflação ao consumidor continua baixa. O índice de preços ao consumidor aumentou apenas 0,7% em setembro em relação ao ano anterior. Mas há alguns sinais de que os produtores estão começando a repassar os custos.

    Pelo menos 13 empresas de capital aberto, incluindo uma grande fabricante de soja, aumentaram seus preços este ano, de acordo com um relatório do China Securities Journal, um jornal financeiro nacional.

    Desaceleração esperada

    Nos próximos dias, a China divulgará os números do Produto Interno Bruto (PIB) para o terceiro trimestre, que devem mostrar uma desaceleração no crescimento.

    Vários economistas revisaram suas previsões de crescimento para a China à medida que a crise energética do país piorou. O preço do carvão – principal fonte de energia da China – atingiu níveis recordes nesta semana, com chuvas fortes e enchentes afetando duas grandes regiões de mineração.

    Esse aumento levou a uma escassez generalizada de eletricidade, forçando o governo a racionar eletricidade em 20 províncias durante os horários de pico e algumas fábricas a suspender a produção. Essas interrupções já resultaram em uma queda acentuada na produção industrial no mês passado.

    A atividade manufatureira foi fraca em setembro, “provavelmente impulsionada por restrições de energia no final do mês”, escreveram analistas da Goldman Sachs em um relatório de pesquisa. É esperado que o PIB cresça cerca de 4,8% no terceiro trimestre em comparação com o ano anterior, forte desaceleração em relação ao aumento de 7,9% no segundo trimestre.

    A economia da China também enfrenta outro problema: a dívida da Evergrande, que gerou preocupações sobre os riscos generalizados para outras empresas do gigantesco setor imobiliário do país.

    Este mercado responde por até 30% do PIB do país. Uma desaceleração do setor teria um impacto significativo sobre o crescimento e representaria riscos para a estabilidade financeira.

    “A desaceleração econômica potencialmente mais rápida do que o esperado, impulsionada pela escassez de energia e o efeito de contágio devido a um possível default da Evergrande, exigirá um afrouxamento adicional da política monetária”, escreveram analistas do Citi em uma nota de pesquisa na quarta-feira. Eles cortaram sua previsão de crescimento anual do PIB da China de 8,7% para 8,2% devido ao surto do Delta e uma onda recente de ações regulatórias sobre a iniciativa privada.

    (Texto traduzido. Clique aqui para ler o original em inglês)

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