Inflação da cesta básica deve encerrar ano com alta de 10%, diz economista
Economista avalia impacto das altas nos combustíveis, na energia e do cenário externo das commodities no preço dos alimentos
Com o impacto da inflação incidindo fortemente sobre combustíveis e energia, é esperado que os produtos da cesta básica fechem o ano de 2021 com uma alta de 10%, avaliou o economista Fábio Romão, da LCA Consultores, em entrevista à CNN neste sábado (23).
De acordo com o economista, a desaceleração na alta dos alimentos esperada para o último trimestre do ano não deve acontecer com a mesma intensidade anteriormente esperada devido “aos problemas que se somam”.
Além dos índices que mostram os preços altos dos combustíveis, o IPCA das indústrias em setembro registrou alta de 10%, o que aumenta os custos de produção. A bandeira tarifária da energia elétrica no cenário de crise hídrica também afeta a composição final dos preços.
“A inflação de alimentos em 12 meses está em 14,6%, e 16% em itens da cesta básica, e provavelmente vai desacelerar para próximo de 10% no fim do ano, o que é muito alto”, disse Romão.
Na avaliação do economista, há um “rol de vilões”, como os já previamente citados, que irão continuar a pressionar o preço dos alimentos em todo o mundo. No cenário internacional, deve existir uma diminuição no preço de algumas commodities, mas os cenários traçados não trazem alívios imediatos.
“Tem uma questão específica das carnes por conta da China. Mais adiante, acho que carne vai perder força porque preço de ração vai desacelerar, mas isso demora para chegar ao consumidor”, disse.
“Esse alívio pensando em preço de commodities vai acontecer mais evidentemente só no ano que vem. No cenário doméstico, tem a questão do câmbio. Essa depreciação média de 30% ano passado não tem ajudado agora também”, avaliou.
“Neste momento, com o real valendo pouco, isso acaba ampliando nossas exportações e reduzindo a oferta doméstica. Para piorar, os combustíveis não vão poder dar um alívio”, completa.
Expectativas para Selic
Sobre a expectativa para a reunião do Copom na próxima semana, Fábio Romão avalia que “quando a política fiscal não faz sua parte, acaba sobrando pra política monetária mais do que a gente gostaria”.
Ele avalia que o Banco Central deve elevar a Taxa Selic para “para mitigar a atividade econômica e de algum modo segurar a inflação”.
No entanto, há o contraponto: “Com esse aumento da Selic, pode ter uma apreciação do câmbio, mas os efeitos são danosos pra atividade econômica”, diz. Por essas questões, o mercado tem revisto expectativas envolvendo o PIB, com projeções de fechar em 1,5% de crescimento em 2021.