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    Guedes reconhece falta de apoio à desoneração e defende foco em pauta consonante

    "A desoneração das folhas exigiria uma base tributária diferente. Não há muito apoio a essa ideia", diz ministro da Economia

    Anna Russi, do CNN Brasil Business, em Brasília



     

    Após meses de polêmica sobre a ideia de um novo imposto sobre transações financeiras e digitais para financiar a desoneração da folha de pagamentos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, admite que, pela falta de apoio, a inclusão desse item poderia atrasar o andamento da reforma tributária. Assim, ele defende que tanto o governo quanto o Legislativo foquem os esforços em pautas de comum acordo, como a autonomia do Banco Central. 

    “A desoneração das folhas exigiria uma base tributária diferente. Não há muito apoio a essa ideia. A própria Câmara não demonstrou muito boa vontade com essa proposta. O presidente não tinha muita simpatia e não tem, talvez. Então, isso atrasa a reforma”, explicou durante 3º Encontro ‘O Brasil Quer Mais’, promovido pela Câmera Internacional de Comércio (ICC Brasil) neta segunda-feira (23). 

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    Paulo Guedes e Rodrigo Maia conversam
    Paulo Guedes e Rodrigo Maia conversam durante sessão da comissão da reforma da Previdência
    Foto: Adriano Machado/Reuters (8.mai.2019)

    Ainda assim, Guedes acredita que a aprovação da reforma tributária está próxima. Embora tenha reforçado que a decisão é do Legislativo, na avaliação dele, os estados já devam ser acoplados ao texto, mas os municípios vão entrar na pauta somente mais para fente.

    “Estamos muito próximos da reforma tributária. A razão de não ter saído ainda é que política tem o seu timing”, disse. 

    “Existem concepções diferentes e mandar algo que não vai funcionar e vai virar foco de briga… vamos trabalhar no que estamos de acordo, como a autonomia do Banco Central”, defendeu. 

    O ministro também citou a Lei de Falências com uma boa candidata para ser aprovada até o fim do ano. “Está no meio de uma quebradeira de empresa e, com a Lei de Falências, as empresas se levantam rapidamente”, comentou. 

    Na avaliação de Guedes, o comércio é a “grande alavanca para a remoção da miséria”, bem como o principal instrumento para a abertura econômica. Segundo ele, no passado, o Brasil ficou escondido na “gruta” do Mercosul, não integrando as cadeias globais e na competição mundial. 

    Além do foco da troca comercial com a Ásia, o ministro defendeu também um fortalecimento da relação com a Índia. 

    “Ao lado da China tem outro grande mercado, que é maior democracia do mundo, que é a Índia. No início dessa século, exportávamos US$ 4 bilhões ou US$ 5 bilhões. Nossas previsões para os próximos 10 anos é de US$ 100 bilhões ao ano. Ou seja, US$ 1 trilhão em 10 anos. […] Gostaríamos de ter com a Índia a mesma relação comercial que temos com a China. Ou seja, passarmos de US$ 2 bilhões ou US$ 3 bilhões por ano para US$ 100 bilhões por ano”, explicou.

    A aposta do governo é de que a abertura econômica vai ajudar a atrair investimentos estrangeiros para o país, como forma de estimular a retomada econômica via recursos para a infraestrutura. 

    “Já colocamos um brasileiro na presidência dos Brics e ele já conseguiu US$ 3 bilhões de investimentos para a infraestrutura, baixar o custo da logística”, destacou Guedes. 

    Da agricultura à agroindústria 

    Ele também defendeu que o Brasil passe, por meio das reformas e dos novos marcos regulatórios, de uma potência da agricultura para uma potência agroindustrial. De acordo com o ministro, a energia barata, estimulada com o novo marco legal do gás natural, junto ao juros baixo, a simplificação dos impostos e ao câmbio mais competitivo, vai reindustrializar a costa do país, intensificando também a exportação. 

    Segundo ele, os primeiros investimentos da energia barata devem ir para o Rio, Espírito Santo e Nordeste. “Os marcos regulatórios nos permitem trazer muitos investimentos. O gás vem ai com a energia barata. Então, vamos reindustrializar a costa brasileira”, afirmou. 

    “Levando água para o Nordeste, com a transposição do São Francisco, vamos fazer o que o presidente falou : Israel conseguiu produzir em um deserto. Já há vários projetos industriais ali no entorno que já produzem para exportação. Vamos reindustrializar o Brasil em cima das reformas que fazemos.” 

    “Usamos o primeiro ano e meio do governo para atacar as grandes despesas, jogamos na defesa. E nos próximos dois anos vamos para o ataque: vamos com privatizações, abertura, simplificação (tributária), reindustrialização em cima da energia barata”, acrescentou.

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