Guedes quer usar privatizações e dividendos para reforçar programas sociais
Segundo o ministro, o país recebe, por ano, cerca de R$ 25 bilhões a R$ 26 bilhões em dividendos
Em meio a pressões por um valor maior do auxílio emergencial e do Bolsa Família, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender o uso de dividendos das estatais e dos recursos ganhos com as privatizações das mesmas para a criação de um programa social mais robusto.
“Vamos pegar o patrimônio que o Brasil tem e entregar parte para os mais pobres e usar outra parte para reduzir dívida”, defendeu durante audiência pública virtual em Comissão do Senado Federal, nesta quinta-feira (25).
“Imagina alguém que está recebendo R$ 200 ou R$ 300 e no fim do ano recebe, de repente, R$ 40 mil. O que é isso? Dividendos da Caixa, do Banco do Brasil, do BNDES, e mais a venda de duas grandes estatais”, completou.
Segundo o ministro, o país recebe, por ano, cerca de R$ 25 bilhões a R$ 26 bilhões em dividendos, que são uma parcela dos lucros que as empresas distribuem aos seus acionistas.
Na avaliação de Guedes, junto das privatizações, os dividendos podem ainda reduzir a dívida mais rapidamente. “Vamos supor que isso (programa social) seja 1/3, o outro 1/3 pode ir para investimentos, infraestrutura, recursos hídricos, para fazer a retomada do crescimento. O outro terço pode ser nosso compromisso com gerações futuras (redução da dívida)”, sugeriu.
Para o ministro, administrações passadas confundiram o patrimônio do povo brasileiro com patrimônio de partidos. Por isso, ele prometeu enviar um projeto de Lei Complementar para a criação do Fundo Brasil.
De acordo com ele, a divisão desse fundo poderia ser ainda de 1/4, deixando parte dos recursos para renegociação de dívidas de estados. “Pode ser interessante para a União, em vez de dar aval, dar desconto. Tudo isso pode ser conversado e equacionado.”
Isenção sobre doação de vacinas
Guedes adiantou também que empresas do setor privado que doarem vacinas contra a Covid-19 para o Sistema Único de Saúde (SUS) poderão receber isenção do governo. No início de março o presidente da República, Jair Bolsonaro, sancionou uma lei que autoriza o setor privado a comprar vacinas mas exige doação integral das mesmas, enquanto durar a vacinação dos grupos prioritários.
“Nossos empresários têm capacidade de ir lá fora e comprar sobras de vacina. […] Se o setor privado doar as vacinas para esse início, para a gente vacinar as prioridades, podemos dar isenção para essas doações”, afirmou.
Sem dar detalhes de como essa isenção seria feita, o ministro ponderou, no entanto, que “não se pode dar isenção para ricos comprarem vacinas lá fora apenas para suas famílias e trabalhadores”.
Nesta quinta-feira (25), Guedes se reúne com os empresários Luciano Hang (Havan) e Carlos Wizard (Sforza) para discutir a aquisição de vacinas contra a Covid-19 pelo setor privado.