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    Google e Facebook investiram no homem mais rico da Ásia; sem resultado até agora

    O objetivo é que Mukesh Ambani aumente a participação de seus patrocinadores no mercado de internet que mais cresce no mundo: a Índia

    Rishi Iyengar, do CNN Business

     

    No ano passado, o Google e o Facebook investiram mais de US$ 10 bilhões (cerca de R$ 49,3 bilhões) no homem mais rico da Ásia e em seu plano de inserir centenas de milhões de indianos no mundo online.

    Foi assim que Mukesh Ambani, chefe do conglomerado indiano Reliance, se tornou o homem de confiança do Vale do Silício no país. O objetivo é que ele aumente a participação de seus patrocinadores no mercado de internet que mais cresce no mundo: a Índia.

    Ambani planeja usar o serviço de mensagens do Facebook, o WhatsApp, para conectar milhões de pequenas empresas na Índia à sua iniciativa de e-commerce chamada JioMart. A parceria com o Google, por sua vez, visa desenvolver em conjunto um smartphone 5G acessível.

    Mas, como a Índia continua a lutar contra a pandemia de coronavírus, incluindo uma queda na economia, os planos da Jio podem estar enfrentando mais ventos contrários do que o bilionário está acostumado.

    Dificuldades com smartphone

    Vender smartphones na Índia pode ser um negócio difícil mesmo em circunstâncias normais. O indiano médio ganha cerca de US$ 2 mil (cerca de R$ 9,8 mil) por ano, de acordo com os últimos dados do Banco Mundial, deixando os smartphones caros fora do alcance da maior parte da população. A Apple tem lutado para vender iPhones no país há anos, enquanto a Samsung está perdendo terreno para marcas chinesas mais baratas como Xiaomi e Oppo.

    A dificuldade foi exacerbada pela pandemia global, que sobrecarregou as cadeias de abastecimento e causou escassez de componentes fundamentais. Como resultado, montar um smartphone barato ficou mais difícil.

    “As restrições de oferta de suprimentos estão afetando quase todos no setor, mas o impacto sobre os participantes menores e locais é ainda maior, já que eles não são prioridade para os fabricantes de componentes”, disse Kiranjeet Kaur, analista da empresa de pesquisas IDC. Embora a Jio tenha enormes recursos à sua disposição, a empresa ainda é relativamente nova no mercado de smartphones e “o foco no baixo custo torna ainda mais difícil” a aquisição de peças, acrescentou.

    A Jio teve que diminuir significativamente suas metas de vendas de smartphone por causa da escassez e do aumento dos preços, de acordo com um relatório recente da Bloomberg.

    Atrasos no lançamento do smartphone podem prejudicar os esforços do Google para conquistar a base de usuários da internet na Índia, que já é de mais de 700 milhões de pessoas e deverá se expandir rapidamente nos próximos anos.

    Um porta-voz da Jio se recusou a comentar sobre seus planos para o lançamento e vendas do smartphone, mas reconheceu que a pandemia pode ter um impacto no cronograma de seu lançamento. O Google não respondeu a um pedido de comentário sobre o tema.

    O surto prolongado de Covid na Índia e a crise econômica resultante também prejudicaram a capacidade dos consumidores de atualizar seus dispositivos, de acordo com Tarun Pathak, diretor de pesquisa para dispositivos móveis da consultoria Counterpoint Research. Isso torna o mercado de smartphones do país ainda mais sensível a preço em um momento em que fabricá-los está ficando mais caro.

    “É aí que vemos desafios para alguém como a Jio. Cada centavo é importante”, comentou.

    Uma batalha complicada

    O investimento de US$ 5,7 bilhões (cerca de R$ 28 bilhões) do Facebook na Jio (um dos maiores da história da empresa norte-americana) é um casamento de conveniência entre dois serviços que formam a espinha dorsal da internet na Índia. A Jio e o WhatsApp, de propriedade do Facebook, têm cada um mais de 400 milhões de usuários na Índia, e a parceria entre eles é parte de um esforço para desbancar a Amazon e o Walmart do topo do mercado de varejo online da Índia.

    JioMart, a plataforma de e-commerce da Reliance, pretende fazer isso levando para o mundo online milhões de lojas familiares da Índia. Lançado meses antes do grande investimento do Facebook, a JioMart agora opera em mais de 200 cidades indianas.

    Apesar de seu crescimento no ano passado, analistas dizem que a JioMart está tendo problemas para convencer os varejistas locais a se inscreverem. Seu serviço de entrega direta ao consumidor está “aumentando em um ritmo lento em meio a apreensões entre os comerciantes”, de acordo com um relatório da corretora indiana Kotak Securities do início deste ano.

    “Conseguir a adesão de comerciantes independentes tem sido um desafio, já que boa parte deles tem medo de compartilhar suas informações de negócios e muitos ainda não estão certos sobre a proposta de valor”, disse Arvind Singhal, presidente da consultoria indiana Technopak.

    O WhatsApp está enfrentando suas próprias dificuldades na Índia. Depois de esperar muito tempo para obter aprovação regulatória para seu sistema de pagamentos no país, o serviço de mensagens agora está processando o governo indiano por causa das novas regras que exigiriam que o aplicativo quebrasse a criptografia. As regras e o processo judicial resultante lançaram uma sombra sobre o WhatsApp em seu maior mercado.

    A batalha do bilionário Ambani com a Amazon também foi parar nos tribunais. A gigante de tecnologia dos EUA contesta a recente aquisição, pela Reliance, da varejista rival Future Group. A batalha judicial deve se arrastar por meses, desacelerando ainda mais as perspectivas de crescimento da JioMart.

    “É provavelmente verdade que o progresso na execução desta visão não foi conforme a expectativa original da Reliance, mas teria sido um milagre se tudo tivesse ocorrido de acordo com o planejado”, afirmou Singhal. “A Reliance é conhecida por ser muito rápida na adaptação e correção de curso e, portanto, ainda é muito provável que a JioMart atinja seus objetivos originais”.

    (Texto traduzido. Leia o original em inglês aqui.)

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