Gleisi diz a empresários que Campos Neto fica no BC e que homem forte da economia será Lula
Em jantar, presidente do PT disse que o partido é contrário a privatizações de áreas estratégicas e defende atualização a legislação trabalhista
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse a empresários e a integrantes do mercado financeiro que o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, continuará no cargo caso Lula seja eleito neste ano, e que o ex-presidente será o “homem forte” da economia. A declaração foi confirmada à CNN pela petista.
Ela participou de um jantar com empresários e integrantes do mercado na residência do empresário João Camargo. Dentre os presentes, estavam empresários alinhados ao governo, como Flavio Rocha, da Riachuelo. Sua assessoria confirmou à CNN sua presença no evento.
“Eles me disseram que Lula teve o Henrique Meirelles (presidente do Banco Central nos governos Lula) como referência e eu disse a eles que se houve o Meirelles haverá o Roberto Campos Neto, se Lula ganhar pois ele ficará até o final dos seu mandato no Banco Central”, disse Gleisi.
Campos Neto, um dos liberais do governo Bolsonaro, tem mandato até 31 de dezembro de 2024. O mandato para presidentes do Banco Central passou a vigorar após a aprovação de uma emenda constitucional que impôs autonomia do órgão, ponto que parte do PT avalia rever.
Gleisi abriu sua fala dizendo que estava lá para dialogar e fez a defesa das bandeiras petistas na economia. Disse que o partido é contrário a privatizações de áreas estratégicas, que era preciso atualizar a legislação trabalhista uma vez que, a seu ver, ela não foi positiva para os trabalhadores.
Lembrou porém que uma eventual mudança seria feita com diálogo com o empresariado. Também alertou aos presentes que não haveria radicalismos em um novo governo petista. Questionada quem seria a pessoa do governo na economia, ela respondeu que seria o próprio Lula.
Como a CNN mostrou, Gleisi foi acompanhada do economista Gabriel Galípolo, de 39 anos, que virou um dos principais conselheiros econômicos de Lula. Ele foi presidente do banco Fator e hoje tem uma consultoria financeira. Também é conselheiro da Federação das Indústrias do estado de São Paulo, a Fiesp.
Por vezes, Galipolo tomou a palavra para explicar aos presentes o que seria um eventual novo governo Lula na área econômica, um questionamento frequente durante o encontro. Segundo presentes, ele disse, por exemplo, que é preciso olhar para a frente e que a polarização entre estado e mercado não existe na prática, pois, a seu ver, uma dependeria da outra.
Alguns empresários fizeram a avaliação de que a situação econômica do país não estava ruim. Coube a Galipolo também dizer as taxas de juros, de desemprego e de inflação estavam em dois dígitos e que as famílias estavam endividadas.