Fluxo cambial fica positivo em quase US$ 4 bi em abril, melhor número em 3 anos
O superávit no mês passado foi de US$ 3,990 bilhões, primeiro saldo positivo para o período desde 2018
O fluxo cambial ao Brasil ficou positivo em quase US$ 4 bilhões em abril, puxado pela conta comercial, o que elevou o saldo no ano para mais de US$ 12,7 bilhões, mostraram dados do Banco Central nesta quarta-feira (5).
O superávit no mês passado foi de US$ 3,990 bilhões, primeiro saldo positivo para o período desde 2018 (US$ 14,394 bilhões).
Nas operações comerciais (exportação menos importação) a sobra de dólares ficou em US$ 3,502 bilhões em abril. Na conta financeira –por onde passam investimentos em carteira, empréstimos e pagamento de dívida, por exemplo– houve ingresso líquido de US$ 488 milhões.
No ano, o fluxo cambial está positivo em US$ 12,713 bilhões, o inverso do registrado no mesmo período do ano passado (- US$ 12,730 bilhões).
Essa virada foi patrocinada pela expressiva melhora no saldo financeiro, que saiu de rombo de US$ 32,519 bilhões no primeiro quadrimestre do ano passado para superávit de US$ 3,444 bilhões de em 2021.
Em 2020 houve saída líquida de recursos do Brasil, entre outras razões, pela crise da Covid-19 e por pré-pagamento de dívida por empresas domésticas, conforme a queda da Selic a mínimas históricas tornou mais atrativa a tomada de financiamento em moeda local.
Amenizada essa dinâmica, analistas têm mostrado mais otimismo sobre os números do fluxo cambial para este ano, em parte pelo rali das commodities –que tem elevado os termos de troca, o que beneficia a taxa de câmbio– e pela expectativa de que o progresso nas vacinações acelere o ritmo da recuperação econômica no segundo semestre, fortalecendo o cenário de investimentos no país.
Posição dos brancos e intervenções do BC
Com a melhora do fluxo, os bancos puderam reduzir posições vendidas em dólar no mercado à vista. Assim, o estoque caiu para US$ 16,932 bilhões, o menor desde fevereiro de 2019 (-US$ 15,953 bilhões).
Com a queda do dólar no mês passado, o Banco Central pôde não apenas evitar venda de moeda como também enxugar parte da liquidez disponibilizada. Assim, o BC tomou de volta US$ 1,600 bilhão referentes a linhas com compromisso de recompra e não vendeu divisa no mercado à vista.
Em março, entre essas duas modalidades de operação, o BC havia despejado no mercado US$ 7,985 bilhões.
Houve, porém, aumento do estoque de swaps cambiais –de US$ 74,573 bilhões para US$ 76,947 bilhões na passagem de março para abril–, o que acabou mais do que compensando o recuo dos valores nos demais instrumentos.
Dessa forma, a posição cambial líquida do BC –que tira das reservas operações no mercado de câmbio e outros– caiu para US$ 273,420 bilhões a menor desde pelo menos janeiro de 2018.