Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Empresa ajuda a investir em usina solar, cemitério e até reforma de motel

    Se a escolha for pelo agrobusiness, a plataforma permite aplicar na compra de gado da raça Nelore, apontando para rentabilidade de 21,7% em 12 meses

    Foto: Vecteezy

    Matheus Prado,

    do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Diversificação é, com certeza, uma das palavras mais utilizadas no mundo dos investimentos hoje em dia. E a receita está na ponta da língua: liquidez acompanhada de juros baixos obrigam investidores a buscar formas diferentes, que não a renda fixa gorda do passado, para aumentar sua rentabilidade.

    Isso fez muitas empresas estrearem na bolsa de valores, mas também tem alcançado outros segmentos. Exemplo disso é o mercado de ativos alternativos, que cresce oferecendo opções de investimento lastreadas diretamente na economia real.

    Nesse sentido, os ativos vão desde precatórios até direitos autorais de música, passando, é claro, pelo tão amado setor imobiliário. Poucas coisas animam o brasileiro como o tijolo e, pensando nisso, várias plataformas, como Urbe.me e Glebba, adotaram uma espécie de vaquinha imobiliária para unir empresas e investidores.

    De reforma de motéis a usina solar

    A baiana Bloxs, fundada em 2017 por Felipe Souto, também aposta na tese, se baseando na instrução 588 da CVM. “É basicamente uma plataforma de crowdfunding (espécie de vaquinha virtual), realizando ofertas públicas sem a necessidade de registro. Trabalhamos com os setores imobiliário, de energia, agronegócio e comercial”, diz.

    Exemplos: no setor imobiliário, é possível tornar-se sócio de construtora para comprar lotes e construir casas em Petrolina (PE), com rentabilidade alvo de 18,5% ao ano; ou, então, investir na reforma e readequação de motéis visando uma rentabilidade de 15,3% num prazo de três anos.

    Já no segmento de energia, dá para colocar seu dinheiro na construção e operação de usinas fotovoltaicas, com retorno esperado, a partir da venda de energia, de 16,7% ao ano; se a escolha for pelo agrobusiness, a plataforma permite aplicar na compra de gado da raça Nelore, apontando para rentabilidade de 21,7% em 12 meses. E por aí vai…

    Como funciona

    A fintech tem um time para prospectar possibilidades de investimento e também receber propostas. A partir disso, os projetos, que podem ser de equity (o investidor vira sócio) ou de dívida (investidor recebe com ágio no prazo x), são analisados internamente e escolhidos.

    “Temos uma equipe especializada em procurar estes cases, mas também estamos investindo em tecnologia para poder olhar melhor tudo que chega para nós”, afirma. “O mercado de cemitérios, por exemplo, que trabalhamos em 2020. Conversei com 20 empresas e acabamos selecionando só uma.”

    Depois de fechar contrato com a empresa que vai tomar o dinheiro dos investidores, a plataforma cria um CNPJ para o ativo, emite cotas e lança uma espécie de mini IPO no site. Todas as captações têm prazo para começar e acabar, além de um valor mínimo para que o projeto avance.

    “Nós costumamos deixar cada projeto disponível por 30 dias no site, mas a CVM permite que as captações durem até 180 dias”, diz Souto. “O investimento mínimo em cada proposta costuma ser na casa dos R$ 10 mil, podendo baixar para R$ 5.000 em casos específicos.”

    Enquanto o processo não termina, o dinheiro já investido vai para uma conta garantia (ou escrow), impedindo que o montante circule na plataforma ou mesmo seja acessado pela empresa ofertante. Ao fim do prazo estipulado, se a oferta não obtiver êxito, o dinheiro é devolvido ao investidor.

    Investimento médio é de R$ 50 mil

    Souto afirma que a Bloxs não possui braço institucional, ou seja, todo dinheiro é levantado com investidores no próprio site. Apesar disso, ele afirma que o seu público-alvo não é a pessoa pouco capitalizada que está começando a investir. “Nosso público é primordialmente qualificado, com ticket médio de R$ 50 mil.”

    Em 2020, a empresa levantou R$ 30 milhões em 20 projetos distintos. Para 2021, a ideia é aumentar em seis vezes este valor, alcançando os R$ 180 milhões. As teses seguirão as mesmas, com o setor de energia em evidência. “Temos uma das maiores tarifas de energia do mundo e uma penetração muito pequena neste mercado”, afirma.

    Melhorias esperadas

    Felipe entende que o crescimento deste segmento passa pela estruturação de um mercado secundário, o que atualmente não é possível na norma da CVM. “Atualmente, não posso nem ter home broker, mas a norma 588 deve ser atualizada em breve para escriturar e facilitar isso”, diz.

    Outro facilitador seria a adoção de blockchain na divisão dos ativos, criando tokens únicos, rastreáveis e transferíveis. O grande sonho, segundo o gestor, é que investidores até de fora do país consigam colocar seu dinheiro diretamente nos ativos em que pretendem investir.