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    Fala de Lula não bate na Bolsa, mas efeito de seu retorno ‘está longe de acabar’

    Para especialistas, o impacto da volta de Lula ao jogo político nos mercados ainda está longe de acabar

    Ex-presidente Lula discursa na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo (SP)
    Ex-presidente Lula discursa na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo (SP) Foto: CNN (10.mar.2021)

    Leonardo Guimarães e André Jankavski,

    do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Apesar de o Ibovespa ter trocado de sinal algumas vezes durante o discurso de 1h30 que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu no fim da manhã desta quarta-feira (10), a volatilidade do índice não teve a política como principal fator de influência, segundo analistas ouvidos pelo CNN Brasil Business.

    O mercado financeiro “aparentemente ignorou” o discurso de Lula e operava em linha com Nova York, disse André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos.

    A visão geral é que os efeitos da retomada dos direitos políticos do ex-presidente e a possibilidade de que ele volte a ser candidato na eleição presidencial de 2022 se concentraram no pregão de segunda-feira, quando bolsa caiu 4%. No entanto, para especialistas, o “efeito Lula” ainda está longe de acabar. 

    “Enquando ficar claro para o mercado que certas posições fiscais não são o que precisamos, o estresse vai continuar”, diz Sérgio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados. Para ele, a regra do teto de gastos seria desmontada num eventual terceiro governo Lula. 

    Apesar de André Perfeito dizer que o mercado de capitais ignorou, em parte, o discurso de Lula, preocupa o economista a provável polarização no curto prazo entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente petista.

    “Lula criou uma retórica que força o presidente Bolsonaro para o populismo”, afirma Perfeito. “No sentido que ele força o Planalto a tomar decisões mais de curto prazo em detrimento aos ajustes de longo prazo propostos por Guedes.”

    No discurso, Lula disse que é preciso ter diálogo próximo com o empresariado brasileiro e, ao mesmo tempo, com os sindicatos. Ele ressaltou a importância dos grandes empresários na manutenção do emprego no país. 

    Para Henrique Esteter, analista da Guide, não houve tantas surpresas no discurso. Aliás, até houve momentos em que Lula concordou com Bolsonaro, como foi o caso da política de combustíveis da Petrobras. Para Lula, a Petrobras não tem que seguir os preços praticados no mundo.

    “Ficou claro também que o foco de um eventual governo Lula seria em medidas de expansão de gastos para investimentos em infraestrutura”, diz Esteter. “O que não condiz com a grande preocupação do mercado hoje, que é a condição fiscal.”

    Dólar a R$ 6?

    Na terça-feira (9), a consultoria MB Associados projetou que o dólar pode passar de R$ 6 pela primeira vez na história. O motivo é que, com Lula na corrida presidencial no ano que vem, pintam como favoritos dois nomes (Lula e Bolsonaro) cada vez mais distantes do comprometimento com reformas estruturais e responsabilidade fiscal. 

    “A pergunta que o mercado cada vez mais fará é que país sairá da eleição em 2022”, afirmou a MB Associados em relatório aos clientes, assinado por seu economista-chefe, Sérgio Vale. 

    Hoje, o Banco Central fez três leilões para diminuir o valor da moeda americana.