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    Exportação de carne brasileira aos EUA supera a de principais parceiros americanos pela 1ª vez

    País registrou envio de mais de 70 toneladas da proteína aos Estados Unidos em janeiro e fevereiro, um aumento de 446% em relação a mesmo período de 2021

    Ligia TuonJoão Pedro Malardo CNN Brasil Business , São Paulo

    O volume de carne brasileira exportado para os Estados Unidos ultrapassou o de grandes parceiros comerciais americanos no primeiro bimestre de 2022, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). É a primeira vez que isso acontece, como sugere o gráfico abaixo.

    O país registrou o envio de mais de 70 toneladas da proteína aos EUA em janeiro e fevereiro — um aumento de 446% em relação a mesmo período de 2021 —, contra cerca de 66 mil toneladas do Canadá, 59 mil toneladas do México, 29 mil toneladas da Nova Zelândia e 29 mil toneladas da Austrália.

    Esse movimento mostra avanços significativos na relação comercial entre Brasil e EUA nesse setor, na qual se destaca, historicamente, uma postura protecionista por parte dos Estados Unidos, ressalta Vinicius Vieira, professor relações internacionais da FAAP.

    Os EUA suspenderam a importação de carne bovina fresca vinda do Brasil mais de uma vez nos últimos anos.

    O especialista explica que esse avanço pode ter sido fruto de um movimento sazonal e tem relação com três fatores principais: dificuldades em mercado aliados dos EUA, dificuldades internas nos EUA e a força da agricultura brasileira.

    “Os EUA passam agora pelo inverno, isso gera uma espécie de entressafra, período que também afeta seus principais fornecedores, como México e Canadá. No longo prazo, isso é consequência da internacionalização do setor de carne bovina, que demandou grandes investimentos brasileiros”, diz.

    Vieira ressalta ainda que o Brasil pode estar diante de uma oportunidade para fortalecer os laços com o mercado americano do setor. “O Brasil pode tomar vantagem principalmente diante da falta de obra agrícola nos EUA, diante do movimento que vem sendo observado nos EUA de demissões de trabalhadores de vários setores”, diz.

    O mercado de trabalho americano tem visto recordes de pedidos de demissões num cenário de alta na confiança e salários mais altos, o que estimula a troca de empregos. Trabalhadores do setor de pecuária também fazem parte desse movimento.

    “Isso pode reduzir a produção local e gerar dificuldades em mercados mais próximos dos EUA, o que pode abrir portas para o Brasil”, diz.

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