EUA têm pilha de pedidos de auxílio-desemprego, mas pico deve passar
Pacote de ajuda do governo aumentou o valor dos pagamentos para os desempregados por 4 meses e flexibilizou as regras de acesso
O número recorde de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos na semana passada será rapidamente superado, prevêem economistas e autoridades estaduais, à medida que os órgãos locais de trabalho digerem uma pilha de pedidos pendentes, e a nova lei de estímulo estende os benefícios para os autônomos.
De acordo com uma pesquisa da Reuters com economistas, os pedidos iniciais de auxílio-desemprego provavelmente subiram para 3,5 milhões, em dado ajustado sazonalmente, na semana encerrada em 28 de março. As estimativas da pesquisa chegaram a 5,25 milhões.
Isso representaria um aumento de 220 mil a 1,97 milhão em relação aos 3,28 milhões da semana anterior, refletindo tanto os recém-desempregados quanto os estados que estão atendendo a pedidos anteriormente arquivados que ainda não haviam sido capturados no sistema devido à demanda esmagadora. Mais estados aplicaram políticas de “ficar em casa” na semana passada.
Um pacote histórico de US$ 2,2 trilhões, ou Lei de Ajuda, Alívio e Assistência Econômica a Coronavírus (CARES, na sigla em inglês), assinado pelo presidente Donald Trump na última sexta-feira, está facilitando o pedido de auxílio-desemprego pelos trabalhadores. Ele aumentou os pagamentos para os desempregados em até US$ 600 a semana por trabalhador, e os trabalhadores demitidos receberiam esses pagamentos por até quatro meses.
Acredita-se também que a flexibilização das restrições de registro pelo Departamento do Trabalho esteja contribuindo para o aumento das reivindicações. O órgão deu aos Estados flexibilidade para emendar suas leis, permitindo-lhes fornecer benefícios aos trabalhadores temporariamente desempregados por causa do coronavírus ou que precisam cuidar de um membro da família doente.
Alguns economistas dizem que o novo projeto incentiva os pedidos de desemprego. “Inevitavelmente, o estímulo criou alguns incentivos perversos, potencialmente inflacionando os números de desemprego”, disse Michael Pearce, economista sênior da Capital Economics, em Nova York. “O seguro-desemprego federal adicional de US$ 600 por semana, equivalente a US$ 15/hora por uma semana de 40 horas, significa que pode haver casos em que os trabalhadores preferem aceitar uma dispensa temporária.”
Por Lucia Mutikani e Heather Timmons. Reportagem adicional de Ann Saphir em São Francisco