EUA: desistência na busca por trabalho faz taxa de desemprego entre negros cair
Quase 250 mil afro-americanos deixaram a força de trabalho em julho, e o número total de empregados teve queda de 12 mil
Deveria ser um número para comemorar: a taxa de desemprego entre cidadãos negros nos Estados Unidos caiu um ponto percentual, para 8,2% em julho — a maior queda entre qualquer grande grupo racial ou demográfico. Mas um olhar mais atento revela uma realidade angustiante.
Quase 250 mil afro-americanos deixaram a força de trabalho e o número total de empregados teve queda de 12 mil — uma medida que cresceu solidamente para brancos, hispânicos e asiáticos.
Os números indicam que a queda na taxa de desemprego entre negros foi impulsionada não pela presença de mais pessoas à procura de emprego, mas por um salto no número de pessoas desistindo da busca por trabalho.
A proporção de cidadãos negros que trabalham ou procuram trabalho, conhecida como taxa de participação na força de trabalho, também caiu 0,8 ponto no mês passado, para 60,8%. Isso foi uma reversão do ganho de junho, quando a taxa de participação na força de trabalho dos trabalhadores negros aumentou e ultrapassou a dos trabalhadores brancos pela segunda vez na história. Os trabalhadores brancos mais uma vez levam vantagem, com uma taxa de participação na força de trabalho de 61,6%.
Os números de emprego variam de mês para mês, e economistas dizem que é importante focar nas tendências de longo prazo. Mas, olhando para a pandemia de coronavírus, os trabalhadores negros têm mais terreno a recuperar para que haja um retorno aos níveis de emprego anteriores à Covid-19 do que os brancos.
A taxa de desemprego das mulheres negras, de 7,6%, ainda está 2,7 pontos acima do patamar de fevereiro de 2020. A taxa de desemprego de 8,4% dos homens negros está 2,4 pontos acima dos níveis pré-crise.
As mulheres brancas, com uma taxa de desemprego de 4,5%, estão apenas 1,7 ponto acima dos níveis pré-pandemia, enquanto a taxa de desemprego de 4,9% dos homens brancos está 2,1 pontos mais alta do que seu patamar pré-crise.
Desalento no Brasil
No Brasil, onde a taxa de desemprego chegou à máxima histórica no trimestre findo em abril, o grupo dos desalentados, formado de pessoas que desistiram de procurar emprego porque não têm esperanças de encontrar – é relevante e cresceu em meio à pandemia.
Atualmente, 10,8 milhões de pessoas poderiam trabalhar, mas não trabalham no país. Dessas, 5,7 milhões são desalentados, 300 mil a mais que o verificado há um ano.
Essa realidade faz com que economistas esperem um salto na taxa de desemprego no momento em que o mercado de trabalho comesse a se recuperar do baque da pandemia. Isso porque, é esperado que os desalentados voltem a procurar emprego.