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    ETFs trazem liquidez e diversificação para carteiras de investimento

    Fundos replicam índices como Ibovespa e S&P 500 e concentram ações de várias empresas em um só papel

    Telão mostra números da Bolsa de Nova York no dia 20 de março (20.mar.2020)
    Telão mostra números da Bolsa de Nova York no dia 20 de março (20.mar.2020) Foto: Lucas Jackson/File Photo/Reuters

    Matheus Prado

    Do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Nos últimos dias, tem sido difícil prever os movimentos da economia mundial e, consequentemente, das bolsas de valores. A alta volatilidade faz com que ativos ganhem e percam valor de mercado rapidamente, enquanto a população e as empresas sofrem com os efeitos econômicos do coronavírus e governos anunciam medidas para tentar mitigar essa corrosão. 

    Neste cenário, muitos investidores procuram diversificar suas carteiras a fim de evitar que seu patrimônio esteja todo exposto a um mesmo setor ou até mesmo companhia. Imagine, por exemplo, que um empreendedor tivesse grande parte do seu capital comprado em ações de companhias aéreas. Ocorreria, neste caso, um derretimento desses recursos no mês de março.

    Pensando nisso, analistas têm sugerido cada vez mais a utilização de fundos de índice, ou ETFs (exchange-traded fund), para aumentar o leque de possibilidades das carteiras de investimento. Estes títulos, tradicionais nos Estados Unidos e trazidos para cá pela BlackRock, replicam índices como o brasileiro Ibovespa ou o americano S&P 500, agrupando uma série de ações em um papel só. Ou seja, se o IBOV se valorizou 3,4% no dia, o BOVA11, ETF do índice, terá resultado parecido.

    Além disso, diferentemente de outros fundos, os ETFs são negociados na bolsa, o que lhes confere liquidez diária. Carolina Giovanella, sócia da Portofino Investimentos, trabalha com a modalidade. “Em momentos de incerteza, são ativos muito bons porque contemplam dois aspectos importantes, diversificação e liquidez. Como, em um papel, estamos exposto a vários ativos, um acaba segurando o outro em tempos de crise”, diz. Muito por isso, a classe cresceu muito durante a crise de 2008.

    As taxas de administração, baixíssimas se comparadas às dos fundos, também chamam atenção. O IVVB11, que replica o S&P 500, cobra 0,24% nestes encargos. Estes valores podem superar 2% em fundos mútuos, mas para tudo há uma explicação. “São fundos passivos, que não possuem um intelecto por trás, simplesmente replicam a carteira”, explica Carolina. 

    Neste sentido, é preciso ter cuidado com a utilização destes papéis. Se empresas como Vale e Petrobras, que têm grande peso no índice da B3, estiverem em forte queda, a tendência é que o ETF também sofra no dia. Carlos Takahashi, presidente da BlackRock no Brasil, opina sobre o valor do ativo. “Com a rentabilidade volátil, a performance por si só não é a principal razão de compra destes ativos. Por ser negociado durante o dia, dá pra você encontrar momentos de entrada e saída”, afirma.

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    Isso tem sido especialmente verdade neste momento de crise. Segundo dados da B3 e da Bloomberg, os ETFs listados na Bovespa movimentaram mais de R$ 58 bilhões entre janeiro e fevereiro deste ano e mais R$ 50 bilhões somente em março. Além disso, Takahashi também enxerga fôlego para o longo prazo. “A tendência é que os juros continuem baixos e as pessoas diversifiquem suas carteiras. Os ETFs podem acessar mais mercados, mais empresas, mais moedas”, defende.

    Ao todo, a BlackRock administra cinco ETFs no mercado brasileiro. Em 2019, BOVA11 se valorizou em 31.38%, enquanto IVVB cresceu 35.53%. Mas, apesar dos números expressivos, a classe de ativos ainda não caiu totalmente no gosto do brasileiro. Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos, afirma que estes papéis têm tudo para crescer por aqui quando “o brasileiro despertar de vez para a renda variável.”

    Depois das últimas pancadas recebidas pelos investidores nesses três primeiros meses, com o pior resultado trimestral da bolsa desde 1994, toda a ajuda para retomar a confiança na renda variável será necessária. 

    Algumas ETFs da B3

    BOVA11
    Ações presentes: Vale, Itaú, Petrobras
    Taxa de administração: 0,30% a.a.
    “É muito indicado para investidores que não têm cabedal financeiro para montar carteira diversificada comprando ações separadas”, diz Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos. BOVA11 replica as ações presentes no índice Ibovespa e o peso de cada uma delas.

    SMALL11
    Ações presentes: Eneva, Cyrella, Qualicorp 
    Taxa de administração: 0,69% a.a.
    Esta ETF traz ações de empresas de menor capitalização na bolsa, ou seja, sem gigantes dos setores bancário e commodities, por exemplo. “Essa é uma opção mais agressiva, com foco em small-caps”, afirma o analista.

    IVVB11
    Ações presentes: Amazon, Nike, Walmart
    Taxa de administração: 0,24% a.a.
    Replica a carteira do índice S&P 500. Como não tem o hedge cambial, o retorno do índice será composto pelo S&P + variação do dólar em relação ao real. “Esse papel nos dá um pouco de exposição ao cenário americano, onde estão as maiores empresas do mundo”, diz ele.