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    93% dos jovens dizem que postura da empresa na crise afeta relação com a marca

    Ambev, Itaú, Magalu e Natura foram citadas como bons exemplos na pesquisa realizada pela consultoria de recrutamento Eureca

    Manuela Tecchio, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Entre os estragos que uma crise econômica com as dimensões da recessão induzida pelo coronavírus pde causar, o dano à imagem pública nem sempre ocupa o topo da lista de preocupações das empresas. O aspecto ético e cultural de uma companhia, entretanto, pode influenciar e muito a visão que o público jovem forma de uma marca — mais até do que fatores práticos, como a saúde financeira. E pode até impactar nas vendas.

    Decisões como demitir funcionários durante a crise (e a forma como isso é feito), onde operar cortes de gastos, além do posicionamento da companhia nas redes sociais, podem fazer com que as pessoas mais novas desistam de consumir seus produtos e, principalmente, de iniciar uma carreira na empresa. 

    É o que mostra uma pesquisa da consultoria de recrutamento Eureca, realizada entre a última semana de abril e a primeira de maio, com mais de 1.700 jovens com média de idade em torno dos 27 anos. Entre os resultados do estudo, a forma como empresas se comportam durante a crise econômica influencia diretamente a relação com a marca para mais de 93% dos entrevistados.

    O resultado que mais chama a atenção, na visão do diretor de crescimento da Eureca, Gabriel Viscondi, é a maturidade do jovem brasileiro na observação dos movimentos do mercado. “Uma das coisas que se sobressaíram na conclusão foi a empatia dos jovens, perceber que eles entendem o momento. Mas esse público está atento e quer saber se o posicionamento nas redes sociais traduz, de fato, o que a empresa exerce na prática”, explica.

    Na maioria, o jovem brasileiro parece estar de acordo com a postura das companhias. Em relação à forma como o mercado está reagindo à crise, mais de 66% dos participantes disseram estar satisfeitos e, entre a parcela de entrevistados atualmente empregados, 58% relatou um suporte nas melhorias das condições de trabalho. 

    O posicionamento das empresas a favor de proteger a saúde de seus funcionários foi apontado como “interessante e necessário” por 71% dos entrevistados. Entre os empregados, atualmente 32% notaram um esforço da própria empresa em evitar demissões e 27% avaliaram como positivo o planejamento e as ações para contornar os efeitos da crise.

    Se for demitir, seja transparente

    Aliás, o esforço para evitar demissões foi o movimento mais citado, por 61,9% dos respondentes, entre as ações das empresas que realmente se preocupam em gerar valor para a sociedade, na opinião dos participantes. Caso a empresa precise demitir durante a crise, a transparência é essencial para a maioria dos entrevistados, conforme demonstrou a parte dissertativa da pesquisa.

    Entre as companhias mais reconhecidas por suas iniciativas nesse sentido, foram abertamente citadas a cervejaria Ambev, por 22%, o banco Itaú, por 10%, a varejista Magazine Luiza, por 8%, a Natura, lembrada por 5% e a Arco Educação, citada por outros 3% dos entrevistados.

    No entanto, sete em cada oito dos participantes que atualmente têm uma ocupação fixa acredita que pode ser demitido durante a crise. “O medo de perder o emprego, entre esse público, ainda é latente. É natural nesse contexto de incerteza que a gente vive”, explica o diretor de crescimento da Eureca.

    Ao procurar uma vaga

    Na hora de procurar emprego, os principais aspectos observados por esse público são o plano de carreira, citado por 40%, o desenvolvimento pessoal, apontado por 35% e só por último a remuneração, lembrada por outros 34%. “Há uma tendência entre os jovens de procurar conhecer melhor a cultura da empresa, buscar bem-estar no ambiente de trabalho”, diz Viscondi, que enxerga essa como a principal mudança trazida pelas novas gerações ao mercado de trabalho.

    Para o diretor de crescimento da Eureca, as empresas que não se preocupam com a sua reputação entre os jovens, saem perdendo no momento da retomada. Primeiro, porque será preciso um bom time de novos talentos ao recompor o quadro de funcionários. Em segundo lugar, porque isso vai afetar a hierarquia no longo prazo 

    “Quem são os talentos que vão suceder as lideranças atuais? Se isso não é pensado, a marca começa a perder força contra a concorrência na hora de atrair jovens talentos. E isso afeta diretamente o crescimento da empresa”, diz Viscondi. 

    Comunicação é essencial

    Uma boa forma de se aproximar dos jovens e manter a transparência, conforme apontou a conclusão do estudo, é a produção de conteúdo, divulgação de informações e a abertura ao diálogo por meios digitais. Entre os principais canais citados pelos entrevistados como úteis, nesse sentido, foram as redes sociais, especialmente o LinkedIn, apontado por mais de 31% dos participantes e sites de carreira, lembrados por 25% dos entrevistados.

    Mas o que exatamente o jovem espera ver nessas plataformas? Entre os conteúdos publicados pelas empresas apontados como mais interessantes pelos entrevistados estão a curadoria de estudos e treinamentos de habilidades profissionais, para 41%, além de artigos e notícias, para 26%. 

    E em qual formato? Os mais adequados, para os participantes, são os conteúdos em texto, como ebooks e infográficos, para 44%, e os vídeos curtos e informativos, para outros 29% dos entrevistados. 

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