Entenda por que o McDonald’s vai instalar câmeras em suas lixeiras nos EUA
Startup chamada Compology oferece instalação de câmeras e serviço de inteligência artificial para monitorar o que é jogado em lixeiras e contêineres de empresas
O norte-americano Jason Gates passa muito tempo pensando no lixo e em como podemos gerar menos resíduos.
Desde 2013, sua startup baseada em San Francisco, chamada Compology, usa câmeras e inteligência artificial para monitorar o que é jogado em lixeiras e contêineres de lixo em empresas como o McDonald’s e as lojas de departamentos Nordstrom.
O objetivo é garantir que as lixeiras estejam realmente cheias antes de serem esvaziadas e impedir que materiais recicláveis, como papelão, sejam contaminados por outro lixo, para que também não se tornem resíduos comuns.
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“Descobrimos que a maioria das empresas e pessoas têm as intenções corretas sobre a reciclagem, mas muitas vezes elas simplesmente não sabem qual é a maneira correta de reciclar”, relatou Gates, CEO da Compology, à CNN Business.
Para ajudá-los a fazer isso corretamente, a Compology coloca câmeras e sensores de monitoramento de lixo dentro de contêineres de resíduos industriais. As câmeras tiram fotos várias vezes ao dia e ao final, quando o contêiner é suspenso para o despejo. Um acelerômetro ajuda a acionar a câmera no dia da coleta.
O software de IA analisa as imagens para descobrir se o contêiner está cheio e pode informar ao cliente quando algo está onde não deveria, como um saco de lixo orgânico jogado em uma lixeira cheia de caixas de papelão para reciclagem. Gates disse que as câmeras da empresa podem reduzir em até 80% a quantidade de materiais não recicláveis jogados em recipientes para reciclagem.
Com as lixeiras do McDonald’s em Las Vegas, por exemplo, as câmeras e sensores da Compology mostraram que a empresa geralmente estava fazendo um bom trabalho na reciclagem de embalagens de papelão. Mas de vez em quando sacos de lixo orgânico eram jogados lá também.
“Assim que vimos os sacos de lixo entrarem nos contêineres de papelão, enviamos uma notificação para as pessoas no local por mensagem de texto, avisando que deveriam retirá-lo antes que o caminhão chegasse na manhã seguinte e avisando que colocar o lixo orgânico no contêiner de reciclagem é uma forma de contaminação, o que eles não deveriam fazer no futuro”, afirmou.
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Brent Bohn, que possui e opera dezenas de restaurantes McDonald’s nas áreas de Las Vegas e Phoenix, usa a Compology em restaurantes em Las Vegas para ajudar a garantir que os funcionários do restaurante estão reciclando adequadamente.
“As câmeras simplificaram muito o trabalho e trazem responsabilidade não só para nós, mas também para nossos fornecedores e os caminhões com os quais trabalhamos”, disse.
A Compology treinou seu sistema para classificar o lixo com dezenas de milhões de imagens, disse Gates, e usa fotos tiradas de lixeiras que agora estão em uso para melhorar a determinação de preenchimento e o que está dentro. Até agora, ele processou mais de 80 milhões de imagens das 162 mil câmeras instaladas.
“Quanto mais imagens conseguirmos do interior das lixeiras, mais precisos podemos ser”, contou.
Para Gates, o fato de os Estados Unidos não enviarem mais sucata e lixo para a China, como costumava acontecer, mostra como o trabalho da Compology é vital. A China começou a proibir a importação de materiais recicláveis em 2017, citando preocupações ambientais com contaminantes misturados, e expandiu sua proibição em 2018.
Desde então, os EUA têm lutado para determinar o que fazer com seus recicláveis, com algumas cidades simplesmente interrompendo programas de reciclagem. Limpar os materiais nos Estados Unidos pode tornar mais fácil para o país reciclar seu próprio lixo (e, de fato, é uma das metas da Agência de Proteção Ambiental dos EUA aumentar a taxa de reciclagem doméstica para 50% até 2030; atualmente, ela gira em torno de 32%).
O serviço da Compology custa às empresas entre US$ 10 e US$ 20 por mês por lixeira. Está economizando em geral milhares de dólares por ano em custos de transporte de lixo, disse Gates, já que também pode usar IA para prever qual deve ser o cronograma de serviço para cada lixeira, de modo que só seja coletado quando está cheio.
Com o tempo, Gates espera que a Compology possa ajudar a padronizar como o desperdício é medido e relatado, algo que atualmente não é feito de forma consistente nos EUA.
“Dá para medir a quantidade de eletricidade, água e gás que usamos durante décadas”, disse Gates. “O que estamos fazendo aqui é medir a quantidade de resíduos produzimos”.
(Texto traduzido, leia o original em inglês).