Entenda o que é grau de investimento e como ele afeta empresas e países
Saiba como ele afeta a capacidade de países e empresas em captar dinheiro no mercado internacional
Países e empresas vivem atrás de algo chamado grau de investimento, que é o selo de bom pagador que as agências de risco dão às instituições. Entre 2008 e 2015, o Brasil conseguiu ser reconhecido como um lugar onde o investidor podia investir com alguma tranquilidade. Depois disso, porém, voltou a operar no grupo de países de risco.
Entenda melhor o que é grau de investimento e como ele afeta a capacidade de países e empresas em captar dinheiro no mercado internacional.
O que é grau de investimento?
Grau de investimento é um termo bastante usado para definir que uma instituição está em boas condições para receber investimentos. Ao falar que uma determinada empresa perdeu o grau de investimento, a agência de risco, responsável por definir esse status, quer dizer que essa instituição saiu de uma condição de boa pagadora para algo mais próximo de atrasar os pagamentos ou mesmo dar um calote.
O grau de investimento pode ser interpretado como a nota de corte de uma instituição para que seja incluída no patamar de investimentos seguros. Abaixo dessa nota estão as empresas com grau especulativo e malvistas pelas agências de risco para investimentos seguros.
O Brasil perdeu seu grau de investimento perante a Fitch em 2015, depois de manter durante sete anos o selo de bom pagador.
O que é grau especulativo?
O oposto de grau de investimento é o grau especulativo, que é dado às empresas e governos que apresentam um risco maior de dar calote.
O grau especulativo assim é chamado porque a relação que os investidores têm com as instituições que recebem essa nota não é exatamente de confiança e segurança, mas muito mais baseada em riscos altos e, por isso, maiores remunerações.
Quem define o grau de investimento ou grau especulativo?
São as agências de classificação de risco ou agências de rating. Estão entre elas Moody’s, Fitch e Standard & Poor’s.
Elas avaliam a capacidade de uma instituição arcar com o pagamento das dívidas e, conforme essa capacidade, atribuem uma nota que pode ir de AAA, para os melhores pagadores, a D, que é dada a quem já está em situação de inadimplência.
O que causa a ausência de grau de investimento?
A ausência de grau de investimento mostra que países e empresas têm mais chances de praticar o default, o popular calote. Isso faz com que essas instituições percam condições especiais de conseguir crédito no mercado internacional.
Há ainda fundos com estatutos que só permitem colocar dinheiro em instituições que apresentem grau de investimento.
Perder o grau de investimento significa caminhar para um calote?
A relação entre perder o grau de investimento e o default de uma dívida é distante, mas, sim, pode acontecer, principalmente quando se trata de uma empresa.
Os governos são menos propensos a dar calotes porque têm mais recursos para enfrentar uma crise. Mesmo assim, há um bom número de casos na história recente de países que decidiram não pagar.
Em 2019, a Argentina declarou a chamada moratória e interrompeu o pagamento de parte da dívida pública. Em 2001, o país já tinha passado por situação semelhante.
O Brasil também passou por isso, quando, em 1987, o então presidente, José Sarney, declarou a suspensão do pagamento dos juros da dívida externa. Porém, diferentemente de uma empresa que quebra definitivamente, um estado pode pagar toda sua dívida mais tarde, ainda que demore mais que o combinado.
Como os investidores se beneficiam do grau de investimento de uma instituição?
Ao atribuir grau de investimento, as agências de risco dizem aos investidores em quais instituições eles podem colocar dinheiro com mais tranquilidade porque o risco de tomar um calote é menor.
Claro que as agências de risco também erram, como na crise de 2008, mas elas continuam recebendo o voto de confiança do mercado financeiro.
Não é porque existe um investimento seguro de um lado que os investimentos arriscados são desprezados pelo mercado. Em determinada medida, isso pode ser o contrário. Os investidores que gostam de tomar riscos tendem a apostar mais nos papéis com grau especulativo (o contrário de grau de investimento), que, por serem mais arriscados, tendem a dar retorno mais robusto se o investidor acertar a mão e souber atuar nesse tipo de mercado.