Entenda a diferença entre criptomoeda e moeda digital, como a estudada pelo BC
Apesar de toda criptomoeda ser uma moeda digital, nem toda moeda digital é uma criptomoeda
O que diferencia uma moeda digital de uma criptomoeda? A princípio, as duas coisas podem parecer ter o mesmo significado, mas funcionam como falsas cognatas — aquelas palavras que parecem significar a mesma coisa, mas não significam. Apesar de toda criptomoeda ser uma moeda digital, nem toda moeda digital é uma criptomoeda.
“A moeda digital é um conceito mais amplo que envolve qualquer moeda eletrônica. Quando você paga com cartão de crédito ou carteira online, você está usando moeda digital”, explica Bruno Milanello, executivo de novos negócios do Mercado Bitcoin. “As principais características que diferem a criptomoeda de uma moeda digital são: a descentralização, o valor, a segurança e a privacidade”, diz.
A primeira diferença entre os dois termos, então, está na centralização de sua emissão e controle de transações. As moedas digitais são controladas por instituições reconhecidas por um governo, como bancos centrais.
Já para as criptomoedas não existe uma autoridade específica responsável por sua emissão ou controle, e as transações são registradas em blockchain.
“A tecnologia usada no blockchain é dificilmente alterada por terceiros, o que faz com que uma transação dificilmente seja revertida, e a criptografia traz uma camada a mais de segurança porque, para quebrar essa tecnologia, você precisaria de um computador muito potente. Isso é mais difícil de fazer do que quando falamos de moedas digitais, que têm um controlador centralizado”, afirma Milanello.
O valor das duas também não é o mesmo. Isso porque, no caso das moedas digitais, sua precificação será definida pelas normas do banco central, enquanto quem define o preço da criptomoeda é o próprio mercado, seguindo a lei da oferta e da procura. Quanto mais demanda maior o valor, e vice-versa.
Outra diferença está no fato de que as criptomoedas são chamadas dessa forma por serem moedas criptografadas, ou seja, por usarem a tecnologia de criptografia para aumentar sua privacidade. A criptografia é algo bastante comum na internet já há algum tempo. Aplicativos de mensagens, como WhatsApp e WeChat, por exemplo, usam a criptografia de ponta a ponta para manter as conversas do usuário seguras.
Por fim, as criptos e moedas digitais não competem entre si — ou não deveriam. “Existe espaço para as duas coisas, mas é claro que existe o risco de uma canibalizar a outra. Precisamos desmistificar o mundo fiduciário do mundo cripto: no fim, eles fazem parte do mesmo sistema.”
E no Brasil?
Em maio, o Banco Central do Brasil publicou uma nota determinando as diretrizes gerais de uma moeda digital para o país. Mas Milanello afirma que, em um futuro próximo, pode existir a criação de uma “moeda híbrida”, que estaria entre os dois conceitos, o real digital e criptografado.
Um dos exemplos híbridos mais populares é o da China, que, em 2017, começou a testar sua moeda digital em transferências bancárias. A tecnologia usada é a mesma das criptomoedas, mas com toda a regulação feita pelo banco central chinês. Chamada de Moeda Digital do Banco Central (CBDC, na sigla em inglês), o iuan digital já está sendo testado também em compras realizadas em lojas virtuais, segundo o site Sputnik Brasil.