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    Em abril, reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste terão melhor nível em 10 anos, diz ONS

    Subsistema ficou com os reservatórios hídricos abaixo de 65% da capacidade máxima durante 118 meses

    Lucas Janoneda CNN , no Rio de Janeiro

    Cento e dezoito meses. Esse foi o tempo que o subsistema Sudeste/Centro-Oeste ficou com os reservatórios hídricos abaixo de 65% da capacidade máxima. Neste período, a região responsável por cerca de 70% da geração de energia do Brasil, registrou dificuldades elétricas e superou a pior crise hídrica da história do país. O levantamento foi feito pela CNN com base em dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

    O boletim mais recente do ONS mostra que o subsistema Sudeste/Centro-Oeste alcançará 67,3% da capacidade máxima das usinas até o fim de abril de 2022. É o maior patamar para a região desde junho de 2012, quando o volume hídrico estava em 72,4%, segundo um levantamento feito pela reportagem da CNN (veja a evolução dos reservatórios ao final da matéria).

    Dados compilados também pela CNN mostram que o nível hídrico dos reservatórios do subsistema sobe há pelo menos sete meses consecutivos.

    Durante a coletiva de imprensa mais recente, o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi afirmou que as usinas hidrelétricas da região foram beneficiadas com o aumento do volume de chuvas nos últimos meses. As precipitações apareceram “como não se via há muito tempo”, disse Ciocchi.

    De acordo com o informe do ONS, o nível de chuvas no subsistema Sudeste/Centro-Oeste foi acima da média nos primeiros três meses de 2022, quando comparado com os patamares históricos. O subsistema chegou a registrar, em janeiro e fevereiro, precipitações 20% acima do normal para o período, valores muito superiores aos de 2021, quando a região enfrentou a pior crise hídrica da história. Em termos absolutos, a região registrou, em média, uma potência hídrica aproximada de 74.113 Megawatts nos primeiros meses de 2022.

    Ao contrário dos bons resultados hídricos neste ano, o subsistema atingiu o seu pior momento em meados de 2021. Em setembro, a região registrou 16% da capacidade hídrica total. Quando comparou os dois períodos, Luiz Carlos Ciocchi disse que atualmente “os reservatórios estão abarrotados”.

    Diogo Lisbona, professor da FGV e especialista em questões energéticas, também enxerga com bons olhos as previsões feitas pelo ONS para o subsistema Sudeste/Centro-Oeste. No entanto, apesar dos resultados animadores dos últimos meses, ele traz à tona a realidade hídrica do país para o futuro: “vivemos em uma seca que tende a piorar”, destaca o professor.

    “Para realidade dos últimos anos, sim, o nível dos reservatórios está bom, há alguns anos não atingíamos essa marca. Mas quando olhamos para anos anteriores à 2012, o volume das usinas sempre passava desse patamar. Por isso que atualmente passamos a depender tanto das térmicas. Os reservatórios do sudeste não se recuperam e são esvaziados acentuadamente todos os anos”, disse Diogo Lisbona.

    Linha temporal das usinas do Sudeste/Centro-Oeste:

    • Abril de 2009: 83%
    • Maio de 2009: 82%

     

    • Junho de 2012: 72,4%
    • Julho de 2012: 66,8%

     

    • Setembro de 2021: 16,7% – pior patamar da história
    • Outubro de 2021: 18%

     

    • Março de 2022: 63%
    • Abril de 2022: 67%

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