Em 2020, comércio entre Brasil e EUA tem pior marca em 11 anos, aponta relatório
Os EUA são hoje o segundo principal parceiro comercial do Brasil, com participação de 12,4%, atrás apenas da China
O intercâmbio comercial entre Brasil e Estados Unidos registrou a pior marca dos últimos 11 anos em 2020. No ano, o valor das trocas foi de U$ 45,6 bilhões, uma queda de 23,8% em relação ao ano anterior. O resultado apresentado é o menor desde a crise financeira em 2009, conforme aponta relatório da câmara americana de comércio Amcham Brasil, divulgado nesta quinta-feira (21).
Os EUA são hoje o segundo principal parceiro comercial do Brasil, com participação de 12,4%, atrás apenas da China, que tem 28,4% de participação.
A pandemia e a crise mundial contribuíram para a queda nas trocas entre os dois países, aponta o estudo. Isso porque o comércio entre Brasil e EUA é formado, sobretudo, por produtos de maior valor agregado, como combustíveis de petróleo e carvão, fertilizantes e medicamentos, produtos mais afetados pela crise.
“Os efeitos negativos provocados pela pandemia e a queda do preço internacional do petróleo ajudam a entender a contração das trocas bilaterais em 2020”, explica Abrão Neto, vice-presidente executivo da Amcham Brasil.
O estudo aponta que tanto as exportações quanto as importações sofreram grande impacto no ano passado. As exportações brasileiras para os EUA caíram 27,8% em um ano e, os Estados Unidos foram o parceiro comercial mais afetado entre todos os destinos de exportação do Brasil.
Já nas importações de produtos americanos para o Brasil, a soma foi de US$ 24,1 bilhões, queda de 19,8% em relação a 2019.
O relatório da Amcham Brasil, intitulado “Monitor do Comércio Brasil-Estados Unidos”, afirma que, segundo dados oficiais dos EUA, até novembro de 2020 o Brasil foi o 17º principal parceiro comercial de bens dos norte-americanos.
A taxa de queda do comércio com o Brasil foi a segunda maior para os americanos, com queda de 22,6%, ficando atrás apenas da França (-26,9%).
Exportações por região brasileira
O relatório mostra que a região sudeste concentrou cerca de 2/3 das exportações brasileiras para os EUA em 2020, com um total de US$ 14,2 bilhões.
O estado de São Paulo foi o principal exportador para o país, com valor de US$ 7,1 bilhões (32,8% do total).
Santa Catarina, Bahia, Goiás e Pará foram os principais estados exportadores de suas respectivas regiões.
Em resumo, o Sudeste teve participação de 66,1% em exportações, o Sul 16,1%, o Nordeste 11,3%, a região Centro-Oeste 2,7% e o Norte 2,4%.
Produtos mais relevantes
Dentre os produtos mais exportados, se destacam no estado de São Paulo as aeronaves, equipamentos de engenharia civil e álcool. Já no Rio de Janeiro, o destaque vai para semiacabados de ferro e aço, petróleo bruto e motores.
Minas Gerais exporta café não torrado e ferro-gusa. O Espírito Santo contribui em exportação com semiacabado de ferro, aço e cal, cimento e celulose.
Santa Catarina exporta móveis e manufaturados de madeira.
Expectativas para 2021
Com o avanço da vacina contra o coronavírus e a retomada das atividades econômicas nos Estados Unidos, a Amcham acredita que as exportações brasileiras para os norte-americanos devem ser impulsionadas ao longo deste ano.
“O desempenho do comércio bilateral mostrou maior resiliência na crise atual que na anterior. Em 2009, as trocas bilaterais encolheram 55%, mais que o dobro de 2020. Além disso, o comércio já iniciou recuperação gradual, com desaceleração da contração nos últimos trimestres de 2020″, explica Abrão Neto.
Conforme aponta o estudo, o último trimestre de 2020 registrou a menor taxa de queda das exportações brasileiras para os EUA no ano (-16,9%), indicando uma trajetória de recuperação em 2021.
O câmbio é outra mudança importante em vista, asseguram especialistas. Em 2020, o real foi a moeda que mais se desvalorizou entre os países emergentes (-22,4%). A projeção do Bacen é que a taxa média de câmbio seja em torno de R$ 5,00, mais apreciada do que a média de 2020 (R$ 5,15). “A possível valorização do real, e expectativa do FMI de crescimento de 2,8% da economia brasileira devem levar a aumentos nos níveis de importação do país, inclusive originárias dos EUA”, diz a Amcham Brasil.