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    Eletrobras está perto da desestatização; entenda seu peso na geração de energia

    Maior geradora de energia da América Latina já teve problemas com as justiças brasileira e norte-americana e passou por reestruturação nos últimos anos

    Foto: Divulgação

    Leonardo Guimarães,

    do CNN Brasil Business, em São Paulo

    A Eletrobras está em alta na bolsa e no noticiário econômico à medida que a tramitação do texto que permite sua capitalização avança no Congresso Nacional. A estatal é a maior empresa de energia da América Latina e está prestes a ser desestatizada. 

    A capacidade de geração de energia dá uma ideia do tamanho da empresa: A Eletrobras gera um terço da energia em todo o Brasil, que está longe de ser um país pequeno – é o sexto mais populoso do planeta.

    Várias empresas fazem parte do ecossistema da Eletrobras, que opera através de suas subsidiárias. Entre elas, estão Furnas, Eletrosul, CGTEE, Chefs, Eletronorte, Eletronuclear, Amazonas Energias, Distribuição Acre, Distribuição Piauí, Distribuição Roraima, Distribuição Alagoas e metade do capital da Itaipu Binacional. 

    Na operação da Eletrobras, estão linhas de transmissão para transportar a eletricidade das usinas geradoras. São cerca de 60,5 mil quilômetros de linhas espalhadas pelo país. 

    A empresa tem 233 usinas geradoras, entre elas 47 hidrelétricas, 114 térmicas, 2 nucleares, 69 eólicas e uma solar.

    Marcos 

    Getúlio Vargas foi quem idealizou a empresa, criada em 1954. A ideia era controlar todas as empresas do setor elétrico e promover estudos para construção e operação de usinas. 

    O objetivo inicial da Eletrobras era promover estudos, projetos de construção e operação de usinas geradoras, linhas de transmissão e subestações destinadas ao suprimento de energia elétrica no país. 

    Depois, vieram a Eletrosul e a Light – via aquisição. 

    Em 1998, um dos marcos mais importantes da história da empresa: a abertura de capital.

    Em 2012, uma medida provisória publicada pela então presidente Dilma Rousseff causou uma crise na empresa. Pela MP, as empresas de geração e transmissão de energia se comprometiam a reduzir as tarifas para os consumidores em troca da renovação de concessão sem novas licitações. 

    Depois, porém, as empresas do setor aumentaram os preços alegando falta de capacidade de “segurar” os custos para o consumidor. 

    A corrupção também marcou a história da Eletrobras. A Operação Lava Jato e a SEC (Securities and Exchange Commission, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos) investigaram a empresa por um esquema que envolvia contratos fraudulentos e pagamento de propinas na Eletronuclear, responsável pela administração do Complexo Nuclear de Angra dos Reis.

    Em documentos entregues à SEC, a Eletrobras reconheceu que a corrupção causou a perda de R$ 302,5 milhões entre 2014 e 2015. A maior parte dos valores (R$ 286,6 milhões) foi contabilizada em 2014. 

    A negociação de recibos de ações da estatal brasileira em Nova York foram suspensas por cinco meses em 2016. 

    Em julho de 2016, Wilson Ferreira Junior assumiu a presidência da empresa e promoveu uma reestruturação na Eletrobras. Um dos principais movimentos foi a saída do segmento de distribuição. 

    A Eletrobras vendeu, em 2018, suas sete distribuidoras de energia e se livrou de uma dívida de R$ 9,3 bilhões, que foi assumida pelos compradores das empresas. Em 2017, as distribuidoras deram prejuízo de R$ 4,2 bilhões e em 2016, o rombo foi de R$ 7 bilhões.

    Ferreira Junior deixou a presidência da Eletrobras no início deste ano. 

    Capitalização 

    A desestatização da Eletrobras é discutida desde a entrada de Michel Temer na presidência, em 2017. A queda da participação de mercado, acúmulo de dívidas e perda de espaço para a iniciativa privada são os principais argumentos de quem defende a capitalização da companhia. 

    Aqui, vale uma explicação. Privatização e capitalização são processos diferentes. 

    A proposta de capitalização difere do processo de privatização, em que se vende a empresa inteira para um dono ou consórcio, que passam a ter controle total da companhia.

    A MP da Eletrobras prevê que ninguém pode ter mais de 10% das ações da Eletrobras, como medida para evitar a criação de grupos de influência na empresa.

    A proposta analisada pela Câmara dos Deputados define que a gestão da empresa não vai mudar e que a Eletrobras vai continuar obedecendo à Lei das S.A. e as regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que comanda as regras do mercado de ações.

    Atualmente, o Estado e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) detêm mais de 58% das ações da Eletrobras. Se a MP for aprovada, a participação passa a ter 45% e o direito a uma golden share — direito de veto a decisões importantes, como acontece na Embraer.

    Ações 

    Os papéis da Eletrobras (ELET3, ELET6) operam perto das máximas históricas. As ações são impulsionadas pelo noticiário político favorável à aprovação da MP que permite a capitalização da empresa. 

    Os investidores avaliam que a desestatização será benéfica para a companhia e vai aumentar a competitividade da empresa nos próximos anos, o que gera mais valor para a ação. 

    Nesta segunda-feira (21), as ações ordinárias da Eletrobras (ELET3) fecharam em alta de 2,92%, negociada a R$ 47,57. No último mês, a ação acumula alta de 12,5% e, nos últimos seis meses, crescimento de 34,3%.