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    Eleição de Biden causa alívio em executivos do setor de energia solar

    O presidente eleito se comprometeu a investir US$ 2 trilhões em energia limpa e colocar o país imediatamente de volta ao acordo climático de Paris

    Biden promete investir pesado em energias limpas
    Biden promete investir pesado em energias limpas Foto: Amanda Perobelli/Reuters

    Matt Egan, do CNN Business

    A política climática dos Estados Unidos está prestes a sofrer outra reversão radical. Nos últimos quatro anos, o presidente Donald Trump apoiou o uso dos combustíveis fósseis, chamou a mudança climática de “farsa” e alegou de forma errônea que a energia eólica causa câncer.

    Ele desmontou os regulamentos ambientais da era Obama e nomeou um ex-lobista do setor do carvão para liderar a EPA, a agência de proteção ambiental.

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    Biden, por outro lado, está prometendo resolver urgentemente a crise climática. O presidente eleito se comprometeu a investir US$ 2 trilhões em energia limpa e colocar o país imediatamente de volta ao acordo climático de Paris. Os líderes empresariais da indústria de energia renovável estão respirando aliviados com a virada em Washington.

    “Isso ajuda muito”, declarou Tom Werner, presidente e CEO da empresa de tecnologia solar e armazenamento de energia SunPower, à CNN Business quando questionado sobre o fato de que o próximo presidente não ser alguém que nega as mudanças climáticas. “Estou otimista que teremos uma política estável que crie um ambiente mais positivo para as energias renováveis com o governo Biden-Harris”.

    Espera-se que Biden indique formuladores de políticas com foco no clima para liderar o Departamento de Energia, a EPA e outras agências fundamentais. 

    “Isso pode fazer uma grande diferença”, disse Werner, que acrescentou que conversou com consultores de política do Biden. Depois de anos negociando sobretudo de forma discreta, as ações de energia solar e outras energias limpas subiram em 2020.

    As ações da SunPower (SPWR) dispararam 270%, atingindo recordes. Com sede em San Jose, Califórnia, e controlada pela gigante francesa de energia Total, a empresa agora está avaliada em US$ 3,3 bilhões.

    Enquanto isso, a SunRun, sua rival de energia solar em telhados (RUN), aumentou seu valor em mais de 300% este ano, o que representa uma avaliação de mercado de US$ 11 bilhões. “A vibração na indústria solar é ótima e cada vez maior”, afirmou Werner.

    Os democratas falharam em sua busca para ganhar uma maioria nítida no Senado dos EUA, embora uma divisão meio a meio da casa ainda seja possível se o partido conseguir uma vitória em ambos os segundos turnos de janeiro na Geórgia.

    Independentemente desses resultados, uma legislação abrangente, como um New Deal Verde, está fora da negociação. Mesmo um imposto sobre o carbono pode não ser viável em uma Washington dividida.

    E a “força vital” da indústria solar?

    Ainda assim, os executivos e investidores da energia solar estão otimistas sobre o tom de Washington. “As perspectivas de mais apoio político em uma agenda favorável às energias renováveis em DC melhoraram significativamente sob um governo democrata”, escreveu Brian Lee, analista da Goldman Sachs, em nota ao cliente esta semana.

    Apesar da valorização dos papéis de energia solar, o potencial para uma política melhor e o aumento do volume de empresas no setor “não parece estar totalmente valorizado nas ações”, escreveu Lee. “Acreditamos que as ações de energia limpa – em particular as ações da energia solar – devem continuar apresentando desempenho superior”.

    A promessa de Biden de devolver imediatamente os Estados Unidos ao acordo climático de Paris está gerando muito otimismo, já que a medida que sinalizaria o compromisso do governo de enfrentar a crise climática de frente.

    O mesmo ocorre com a ambiciosa meta de uma força-tarefa climática de Biden de instalar oito milhões de telhados solares, cortando os regulamentos e acelerando o licenciamento.

    Mas o grande foco está no destino do Crédito Fiscal de Investimento em Energia (ITC) federal, programado para ser extinto até 2022. O plano tributário de Biden exige que o Congresso expanda o ITC, o que oferece um grande incentivo aos proprietários de residências e empresas que compram ou financiam instalações solares em telhados.

    “Vemos o ITC como a força vital para a demanda solar nos Estados Unidos”, escreveu Angelo Zino, analista sênior de ações da CFRA Research, em uma nota recente aos clientes.

    Apesar do impasse contínuo esperado em Washington, a SunPower está otimista sobre outra extensão do crédito fiscal. “De longe, o ITC é a coisa mais importante”, disse Werner. “É o número 1, 2 e 3.”

    Nova fábrica de vidro

    Além da negação do clima, a era Trump deu início a uma enxurrada de tarifas e outras ameaças comerciais. Em janeiro de 2018, Trump impôs uma tarifa de 30% sobre células solares de silício e módulos feitos no exterior. Essas tarifas estão programadas para serem eliminadas gradualmente até fevereiro de 2022.

    Werner disse que havia apoio bipartidário para a repressão de Trump à China, mas ele acredita que a estratégia comercial criou “atrito significativo” para a SunPower na forma de distrações e custos mais altos.

    “As tarifas podem ser implementadas mais rapidamente do que empresas como a SunPower podem se ajustar a elas”, disse ele. “Em vez de dirigir minha empresa, eu estava gastando tempo aprendendo a política comercial e o que tirar dela”.

    Antes de renegociar o NAFTA, Trump repetidamente ameaçou impor tarifas ao México, onde a SunPower tinha fábricas.

    “Tivemos que criar toda uma estratégia de ‘e se…’”, disse Werner. “Se houver tarifa, fechamos as fábricas? Podemos mudá-las de lugar? Essas são coisas difíceis de tomar decisões rápidas. Não dá para construir uma nova fábrica de vidro em Portland de uma hora para outra”.

    Mesmo com uma mudança na Casa Branca, essas tensões comerciais não vão simplesmente desaparecer.

    Zino, o analista do CFRA, previu que o próximo governo imporá outra rodada de tarifas solares. “Biden provavelmente será tão duro com a China quanto Trump tem sido”, opinou.

    Em agosto, a SunPower transferiu a maioria de suas operações de manufatura em uma empresa de capital aberto separada chamada Maxeon Solar Technologies. Como parte da reorganização, as duas empresas têm um contrato exclusivo de compra e fornecimento de dois anos.

    O obstáculo Covid

    A pandemia gerou uma série de tendências econômicas e culturais que foram principalmente otimistas para as empresas de energia solar.

    Primeiro, a migração para fora das cidades está alimentando um boom imobiliário. A SunPower tem parceria com Toll Brothers (TOL), KB Home (KBH) e outros construtores para instalar painéis solares em novas casas. O novo negócio doméstico da empresa está “crescendo astronomicamente”, disse Werner, “porque as pessoas estão mudando de áreas de alto custo para áreas de baixo custo”.

    Outra área quente: a SunPower vende painéis solares para grandes data centers, que estão crescendo rapidamente devido à importância da computação em nuvem. “Esse negócio está em alta”, disse Werner.

    Mas a maior virada de jogo foi o movimento de home office, que encorajou muitos norte-americanos a modernizar suas casas, incluindo o aumento da resiliência energética. Proprietários de casas na Costa Oeste estão instalando energia solar nos telhados, em parte para compensar os cortes de energia que afetaram a Califórnia.

    “Na verdade, tem sido um estímulo porque muitas pessoas estão trabalhando em casa”, disse Werner. “Quem fica sem energia não pode trabalhar”.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês)