Economistas avaliam impacto da saída de Mansueto no mercado e na retomada
Camila Abdelmalack, da Veedha Investimentos, disse que demissão pode 'pesar'; Pedro Paulo Silveira, da Nova Futuro Investimentos, citou 'sinais não positivos'
Economistas-chefes de corretoras, Camila Abdelmalack, da Veedha Investimentos, e Pedro Paulo Silveira, da Nova Futuro Investimentos, avaliaram, em entrevista à CNN, nesta segunda-feira (15), o anúncio da saída do secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, para o mercado financeiro e para as reformas propostas pelo governo.
À CNN, Mansueto disse, também nesta segunda, que fica no cargo até o final de julho e garantiu que a direção do ajuste fiscal não muda. Ele disse estar cansado e ressaltou que a sua saída é uma decisão difícil em razão do bom relacionamento que afirma ter com o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Camila considerou que a saída de Mansueto ocorre em um “momento delicado”, mas que “a preocupação é com o processo de recuperação”.
“O mercado financeiro está visando essa liquidez que tem no mercado internacional, principalmente por parte do investidor estrangeiro e uma sinalização clara da recondução da política fiscal é importante, e o Mansueto tinha esse papel”, avaliou. “Se a substituição dele for por algum perfil similar, ok. Se não for, vai pesar para o mercado financeiro”, completou.
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Silveira pontuou que se a saída tivesse sido anunciada em outro momento “talvez não teria problema”. “O Mansueto tem cumprido um papel fundamental desde o governo Temer, e ele sair agora é um sinal que não é muito legal. São sinais não positivos para um Brasil que vai precisar de muito capital político na questão fiscal daqui a pouco”, concluiu. “Ele saiu em um momento ruim. É um sinal ruim”, completou.
“Tem um planejamento por parte da equipe econômica, mas elas têm que caminhar dentro do Congresso Nacional, e o clima político acaba pesando nisso”, observou. “O termômetro político é muito importante para o mercado financeiro, porque não adianta existir a reforma e ela não ter sido aprovada, então não tem como tirar essa conexão, infelizmente”, acrescentou.
Silveira refletiu que será dura a discussão política pela aprovação das reformas no Congresso e que será necessário encontrar “alguém que seja tão convincente” quanto Mansueto – e que tenha tanta credibilidade para o mercado financeiro -, mas que isso levará tempo. “É uma perda”, concluiu.
(Edição: Leonardo Lellis)