De olho em PMEs, Lalamove quer crescer 5 vezes em 2021 e chegar a mais capitais
Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Brasília e Goiânia estão entre as "candidatas a receberem operações da Lalamove nos próximos anos
Já se passou um ano desde o início dos efeitos da pandemia do novo coronavírus no Brasil. Tempo suficiente para que a economia sofresse em grande parte dos seus setores e corresse para se adaptar em alguns deles.
Nessa linha, uma das mudanças amplamente discutidas pelo mercado foi no consumo das pessoas. O e-commerce avançou anos em meses, com a população em casa, e o segmento de logística precisou crescer junto para dar conta da nova demanda.
Entre as empresas que trataram de ocupar esse vácuo, está uma novata no mercado nacional. Sediada em Hong Kong, a logtech Lalamove chegou ao Brasil em julho de 2019 e atua desde então nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro, o que deve mudar em breve.
(Para quem não está familiarizado, trata-se de uma plataforma online de entregas que conecta usuários e empresas a motoristas parceiros, como Loggi e Uber Flash.)
Isso porque o número de pedidos na plataforma cresceu cerca de 300% somente em 2020, para cerca de 15 mil entregas diárias entre as duas principais cidades do país. Em pouco mais de um ano, o número de motoristas também deu um salto: de 3.000 profissionais cadastrados para 60 mil, além de 170 funcionários fixos.
“Com essa aceleração do comércio eletrônico, a logística será a espinha dorsal de grandes negócios”, diz Luiz Giordani, gerente geral da empresa no Brasil. “Para aproveitar essa oportunidade, esperamos crescer cinco vezes este ano e devemos expandir nossos negócios para outras capitais do Brasil no segundo semestre.”
A empresa não diz especificamente quantas e quais cidades devem ter o serviço disponível ainda neste ano, mas adianta as metrópoles Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Brasília e Goiânia como “candidatas a receberem operações da Lalamove nos próximos anos”.
Diferenciais
Apesar da lógica do serviço ser parecida com empresas como a Loggi, a Lalamove tenta fazer do relacionamento com PMEs o seu grande ganha-pão. “O principal diferencial da Lalamove é a diversidade de veículos para atender diferentes tipos de demanda”, argumenta Giordani.
“A plataforma possibilita a conexão com motoristas parceiros de motos, carros, carretos e utilitários. Hoje, 60% dos pedidos são feitos por motos, enquanto 40% são realizados pelos demais veículos, mas estamos trabalhando para equilibrar estes números ou até inverter a ordem.”
Não por acaso, o gestor conta que, entre as maiores demandas do aplicativo estão o transporte de produtos de supermercado, materiais de construção e produtos pet. Em cada corrida, a plataforma permite adicionar até 20 pontos de parada e oferece ajuda no carregamento dos itens durante o tempo contratado.
Tudo isso indica, como referenciado por Giordani, o olhar para o pequeno negócio como grande parceiro. Mesmo assim, ele ressalta que é possível se adaptar às necessidades do cliente.
Motoristas
Quando chegou ao Brasil, a empresa decidiu não cobrar taxas dos motoristas por seis meses, com o objetivo de difundir o produto. No início de 2020, quando a pandemia apertou, a cobrança foi adiada novamente, até julho do ano passado, quando de fato começou a valer.
Hoje, a empresa cobra 16% de taxas sobre o valor das corridas e diz considerar o mercado brasileiro competitivo. Ainda assim, afirma estar trabalhando para dar melhores condições aos seus parceiros mais fiéis. “Hoje o mercado está desenvolvido e há opções para o motorista escolher”, diz.
“Mas buscamos sempre melhorar as condições dos nossos parceiros, e para isso criamos o Clube Laranja, que é o nosso programa de fidelidade. Lá, conseguimos aplicar vantagens como redução de taxas de serviço e promover atendimento prioritário aos nossos associados.”
Motoristas e entregadores de aplicativos entraram em greve na sexta-feira (19), como já haviam feito durante o ano passado. A paralisação, segundo o comunicado do grupo “Entregadores Unidos”, foi organizada para reivindicar o pagamento de taxas de entrega mais justas por parte dos apps.
A Lalamove não foi citada na manifestação, mas afirma que está “sempre em contato com estes profissionais autônomos e trabalhando para melhorar a satisfação deles com a plataforma. Também respeita o direito dos motoristas parceiros de reivindicar pelo que consideram o melhor para o grupo”.
Estrutura
A empresa não abre números sobre o seu faturamento, local ou globalmente. O gestor indica, no entanto, que a intenção não é queimar caixa para crescer a qualquer custo, e sim avançar de forma sustentável. “Tomamos decisões olhando sempre para o longo prazo”, diz Giordani.
“Nossa operação local tem fluxo de caixa próprio, mas quando precisamos de capital, ele vem da nossa sede na Ásia.” A companhia, que estaria recebendo um aporte de US$ 1,5 bilhão já em 2021, está avaliada em US$ 10 bilhões.
Também na Ásia, a empresa enfrenta batalha jurídica. Segundo o site Sup China, a Lalamove está sendo questionada após a morte de uma mulher de 23 anos que saltou de caminhão da empresa que realizava sua mudança.
O caso fez com que internautas questionassem as regras de segurança da empresa, que se desculpou e se comprometeu a criar um novo protocolo de segurança.