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    De Nubank a Iguá: CPP Investments tem portfólio diverso no Brasil, e quer mais

    Modelo funciona como um asset management, administrando os ativos do fundo de pensão e aposentadoria canadense de forma exclusiva

    Matheus Prado,

    do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Não é novidade que o ano de 2020 frustrou diversas expectativas do mercado brasileiro, que esperava decolar. A unicidade do período fez, entre outras coisas, com que o Investimento Estrangeiro Direto (IED) no Brasil tombasse, segundo a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), em 62%.

    A coisa melhorou levemente nos primeiros cinco meses de 2021 e o fluxo foi de US$ 22,5 bilhões, 30% mais do que os US$ 17,3 bilhões do ano anterior. Um bom recomeço, mas com dois asteriscos: a base de comparação é muito baixa, devido ao pico da pandemia em 2020; e o mês de maio foi o pior entre todos, recuando 65% em relação a abril.

    Mas, se muitos gringos estão esperando ventos melhores para voltar ao Brasil, esse não é o caso do Canada Pension Plan Investment Board, ou CPP Investments. Trata-se de um dos maiores fundos de pensão do globo, com cerca de 500 bilhões de dólares canadenses em gestão, e cerca de 7 bilhões (R$ 28 bi) investidos no Brasil.

    Estavam, por exemplo, na última captação do Nubank anunciada em junho, ao lado de nomes como Sands Capital e Verde Asset. E, poucos meses antes, já haviam desembolsado R$ 1,2 bi para comprar 45% da empresa de saneamento Iguá e outros R$ 7,3 bilhões para arrematar um bloco no leilão da Cedae.

    Ainda no portfólio do fundo por aqui, que é bem heterogêneo, há uma grande exposição ao mercado imobiliário, em parceria com empresas como Cyrela e Aliansce Sonae; ao setor energético, ao lado do Grupo Votorantim; e participação de cerca de 12% na redes de academia Smart Fit.

    Em entrevista ao CNN Brasil Business, Rodolfo Spielmann, head do CPP Investments na América Latina, afirma que a ideia do fundo é aumentar, cada vez mais, sua participação em países emergentes, incluindo o Brasil, onde o volume pode dobrar até 2025 caso encontre os investimentos certos.

    “A América Latina corresponde a cerca de 4% do nosso portfólio, ou 20 bi de dólares canadenses, e queremos que este número suba para 6%, 7%, 8%. O Brasil, que é cerca de 1,7%, pode chegar a 4% se encontrarmos os parceiros certos. Temos 35 funcionários no nosso escritório em São Paulo e vamos continuar buscando empresas para investir”, diz Spielmann.

    “Os países emergentes são ambientes de alto crescimento e alta volatilidade. O importante é que as instituições estejam funcionando e os contratos sejam cumpridos. Nós estamos aqui pelo longo prazo, entrando em concessões. Não dá para sair de um dia para o outro. Mas estamos vendo avanços regulatórios e esperamos que continue assim.”

    Concessões

    Depois de investir na Iguá Saneamento, o CPP conduziu a empresa ao arremate do Bloco 2 do leilão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), que ocorreu no último dia 30 de abril. 

    Englobando Barra da Tijuca, Jacarepaguá, Cidade de Deus e mais 2 municípios (Miguel Pereira e Paty do Alferes), tinha outorga mínima de R$ 3,172 bilhões e foi arrematado com ágio de 129,68%, por R$ 7,286 bilhões. 

    Para Spielmann, o setor de saneamento é a principal prioridade do fundo no Brasil, mas olha para outros segmentos com atenção. O setor rodoviário, que a empresa já opera no México e no Chile, também está no topo da lista, além da infraestrutura digital. 

    “Está em franco desenvolvimento e em falta no mundo inteiro. As áreas de fibra e transmissão nos interessam”, diz. Questionado sobre uma possível entrada na Eletrobras, afirmou que também enxerga “um grande potencial” na capitalização da estatal. 

    Setor imobiliário

    Outra das grandes apostas do fundo no Brasil é o setor imobiliário. Questionado sobre um possível voo de galinha do segmento nos últimos anos, Spielmann diz que segue enxergando upside em quatro pilares. 

    São eles: comercial e shoppings, através da Aliansce Sonae, lajes corporativas na Av. Faria Lima, galpões logísticos, e parceria com Cyrela e Greystar em modelo de aluguel de apartamentos que tem empreendimentos em Pinheiros, Higienópolis e Vila Clementino.

    “É um modelo visto principalmente nos Estados Unidos que, para o consumidor, representa essa mudança entre a posse de um imóvel e a sua utilização. Você pode não conseguir comprar um apartamento naquele local ou não querer passar décadas pagando, então faz sentido alugar.”

    Startups

    Para balancear os investimentos em infraestrutura, o CPP estruturou um braço de Venture Capital na Califórnia para olhar para empresas da nova economia. A iniciativa propriamente dita ainda não chegou ao Brasil, mas já refletiu em investimentos como PagSeguro, Loft e Nubank.

    Foodtechs, healthtechs, edtechs são algumas das áreas em pauta para o fundo no momento. Em termos locais, o gestor afirma o que já é consenso: as fintechs são as mais bem estruturadas até aqui. Mas também entende que as agtechs, do agribusiness, têm tudo para deslanchar num futuro próximo.

    Fundo

    O CPP Investments funciona como um asset management, administrando os ativos do fundo de pensão e aposentadoria canadense de forma exclusiva. “Todo mundo, com exceção do Quebec, contribui e, como a pirâmide demográfica do Canadá é boa, o fundo tem superávit”, afirma Spielmann.

    “Então, como arrecadamos mais dinheiro que pagamos de aposentadoria, não só recebemos esse excedente para administrar como também podemos reinvestir dividendos, juros e venda de participações. Em 2020, um capital inicial de 420 bilhões de dólares canadenses rendeu 80 bilhões.”