Conselho da Petrobras se reúne na 4ª para avaliar indicado; processo pode levar mais de 1 mês
Novo presidente precisa ser nomeado integrante do Conselho de Administração, o que só é possível com a convocação de uma nova assembleia
A eleição e a posse de Caio Paes de Andrade na presidência da Petrobras não deve se concretizar antes do fim de junho. Fontes do alto escalão da companhia ouvidos pela CNN avaliam que o processo pode levar cerca de 45 dias. A estimativa considera o prazo legal de 30 dias para realização da Assembleia Geral de Acionistas após a convocação oficial da estatal.
O novo presidente precisa ser nomeado integrante do Conselho de Administração, o que só é possível com a convocação de uma nova assembleia. Antes de convocar a reunião, a companhia ainda precisa elaborar o manual da Assembleia e receber o nome dos demais indicados para compor o Conselho de Administração. A CNN apurou que José Mauro Ferreira Coelho vai permanecer na presidência até a realização da Assembleia Geral.
José Mauro Ferreira Coelho foi eleito pelo sistema de voto múltiplo e a destituição prevê a saída dos demais conselheiros eleitos por esse mesmo sistema. Outros sete dos 11 membros atuais foram eleitos para um mandato de dois anos, de 2022 a 2024, pelo voto múltiplo.
No ofício enviado à Petrobras, o governo só indiciou o nome de Caio Guedes Paes de Andrade para o lugar de José Mauro Ferreira Coelho, deixando em suspenso o destino do presidente do Conselho de Administração, Márcio Weber, e dos demais indicados pelo governo eleitos no dia 13 de abril. A avaliação de integrantes da cúpula da Petrobras é que o governo precisa formalizar os nomes, ainda que opte por manter os mesmos indicados.
O atual Conselho de Administração se reúne nesta quarta-feira (25) para avaliar o nome de Caio Paes de Andrade. A reunião já estava prevista e iria tratar informalmente da crise envolvendo o preço dos combustíveis e de assuntos sigilosos, como investimentos da companhia, mas a pauta mudou.
Na manhã desta terça (24), conselheiros estavam em contato com os departamentos jurídico e de governança para dar início aos processos de decisões e resoluções.
Diretores e conselheiros da Petrobras ouvidos pela CNN relataram ter sido pegos de surpresa com a demissão de Mauro Ferreira Coelho. Para Mário del Zott, presidente da Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras, a mudança tem objetivo eleitoral.
“Não conheço esse novo indicado, estamos buscando informações. Sabemos que é um indicado do ministro da Economia. Tem muito de medida eleitoreira, pode ter uma mudança brusca. Para justificar uma mudança, ou se revoga a PPI ou busca-se algo que se amenize, esperando as eleições de outubro. Nós vamos questionar o que for possível”, disse.
José Mauro Ferreira Coelho vinha sofrendo desgaste desde que a companhia reajustou o diesel, no início de abril. Nas últimas semanas, o executivo tentou se aproximar do governo para se manter no cargo. Em Brasília, se reuniu com o novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, e com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.
Na semana passada, Coelho chegou a se encontrar com o presidente Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro. Os dois se cumprimentaram durante um evento de descarbonização e participaram de um almoço com empresários em tom amistoso.