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    Confeiteiros apostam em lembrancinhas para superar mais uma Páscoa na pandemia

    Pequenos empreendedores adotam produtos de menor valor e esperam dobrar as vendas apesar do cenário desafiador

    Estela Aguiar e Leonardo Guimarães, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    No ano passado, a Páscoa foi a primeira data comemorativa impactada pelo início das medidas de isolamento social para conter o avanço da Covid-19. O clima antes do feriado era de muita incerteza no varejo sobre como se daria o consumo na data. Um ano depois, o cenário ainda é muito parecido. 

    Enquanto o Brasil vive o pior momento da pandemia, empreendedores olham com esperança para o feriado da Páscoa e veem nos chocolates uma chance de colocar um dinheirinho extra no bolso. Mas, se esta nunca foi uma tarefa fácil, os últimos acontecimentos elevaram ainda mais o grau de dificuldade.

    “Minha expectativa para este ano está alta. A meta é vender o dobro do que vendemos na última Páscoa”, conta Mykaella Dias, da Brownyella. A empreendedora começou a vender brownies no ano passado para guardar dinheiro para o seu casamento.

    As irmãs Leila e Paula Cardoso, que vendem ovos de chocolate pela Gordelícia, também esperam duplicar o volume de vendas.

    Mas vários fatores preocupam: inflação dos alimentos, expectativa de consumo menor e restrição do comércio são barreiras que esses empreendedores precisam vencer. “A tendência é de retração no consumo das famílias na próxima Páscoa. No ano passado ainda tínhamos esperança de que as coisas iriam melhorar rapidamente, mas o cenário é muito diferente neste ano”, analisa Marina Marinzeck, analista de Negócios do Sebrae-SP. 

    Mudança de portfólio

    O jeito para driblar as dificuldades e deixar a Páscoa mais doce é inovar no portfólio. O Sebrae espera que os produtos de maior valor agregado, aqueles mais caros, não sejam tão procurados. Portanto, apostar em um menu diverso e com opções de “lembrancinhas” pode ser o caminho para o sucesso. 

    A Brownyella apostou nesse tipo de mudança e lançou mini ovos de chocolate para diversificar o cardápio em 2021. O doce custa entre R$ 8 e R$ 9 e veio para atingir um público maior. A ideia é diminuir a margem de lucro, pressionada pelo momento turbulento da economia, e compensar na quantidade de produtos vendidos. “A meta é ter um menu para todos os gostos e necessidades”, comenta Mykaella. 

    E ela não é a única que identificou a necessidade de mudar seu cardápio quando olhou para o cenário atual. Na Brigadelira’s, de Cláudia Lira, as novidades são mini ovos e pirulitos recheados, produtos mais baratos para atrair quem está sem grana, mas não quer deixar a data passar sem uma lembrança. “Queremos atender quem está com o orçamento comprometido”, conta Cláudia. 

    Há ainda outra oportunidade: focar nas crianças. Elas estão em casa e não vão a locais onde poderiam receber presentes, como escolas e igrejas. Portanto, mesmo os pais que não têm esse costume, podem considerar comprar chocolates para os filhos nos próximos dias. 

    E os preços? 

    Alimentos e bebidas tiveram um aumento de 14% nos preços em 2020. Foi o grupo que mais contribuiu para a inflação acumulada no ano passado. Por isso, é natural que os confeiteiros – amadores e profissionais –  pensem em aumentar o preço de seus produtos.

    “Infelizmente, subimos os preços para termos um retorno real com as vendas”, conta Paula Cardoso, da Gordelícia. A medida também foi adotada por Cláudia Lira, que justifica: “Não foram apenas um ou dois itens que apresentaram aumento nos preços, mas todos os produtos que uso na confecção dos doces”. 

    Marina Marinzeck, do Sebrae, alerta que a decisão de repassar ou não o aumento dos preços ao consumidor passa pelo caixa da empresa. Ela diz que é possível segurar os preços e ganhar na quantidade se o caixa estiver em um nível satisfatório. Foi o que fez a Brownyella, que congelou os preços desde o ano passado e espera aumento significativo nas vendas.  

    Na precificação, é importante que os empreendedores fiquem atentos às embalagens. “Este é um fator de risco e muitas vezes são mais caras que o produto em si”, avisa Marina. É comum que quem vende queira caprichar na maquiagem, mas perca margem por isso. 

    Gestão de estoque 

    Além do controle do fluxo de caixa, uma das maiores dificuldades de quem aposta nos ovos de chocolate é a gestão de estoque. Fica ainda mais difícil ter controle total dos suprimentos em tempos de isolamento social, quando alguns fornecedores podem deixar de trabalhar. 

    Aqui vão dois termos-chave para quem tem dificuldade em gerir seu estoque: ficha técnica e relacionamento. 

    O primeiro fala sobre levantar todos os insumos necessários para a produção de cada item do cardápio. É preciso colocar no papel quais ingredientes, embalagens e local de armazenamento são utilizados. Assim, os gestores conseguem uma visão melhor dos seus gastos e da flutuação dos preços. 

    Outra dica é criar um relacionamento sólido com seus fornecedores. É assim que as lojas conseguem condições de pagamento melhores e aquela força se houver algum imprevisto, como falta de algum produto. Para isso, é preciso pagar em dia e muita conversa com os fornecedores. 

    Uma última dica do Sebrae: sobrou matéria-prima? Invista na divulgação da sua loja: envie alguns produtos para clientes fiéis ou com alto engajamento nas redes sociais. Este simples movimento pode trazer um retorno interessante para sua marca. 

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