Com petróleo em alta, EUA e aliados avaliam liberar reservas emergenciais
Avaliação ocorre em meio a crescentes preocupações com a oferta da commodity depois que a Rússia invadiu a Ucrânia
Na manhã desta segunda-feira (28), os contratos futuros de petróleo exibiram alta forte em meio à invasão russa à Ucrânia.
O Commerzbank afirma em relatório a clientes que há crescentes preocupações no mercado sobre problemas nas exportações russas, o que puxa para cima os preços do petróleo e do gás.
Às 7h51 (de Brasília), o petróleo WTI para abril subia 4,96%, a US$ 96,13 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para maio, contrato mais líquido, avançava 4,95%, a US$ 98,78 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
Investidores de Wall Street apostam que o movimento de alta que levou a cotação do barril de petróleo a mais de US$ 105, apurado na semana passada após o início da invasão russa, seja apenas o começo de uma trajetória persistente de elevação.
Em meio a crescentes preocupações com a oferta da commodity, os Estados Unidos e outras grandes nações consumidoras de petróleo estão considerando liberar 70 milhões de barris de petróleo de seus estoques de emergência à medida que os preços do petróleo aumentam, segundo autoridades europeias e do Golfo Pérsico informadas sobre o plano.
Membros da Agência Internacional de Energia (AIE), órgão com sede em Paris que representa a maioria das nações industrializadas, podem concordar já nesta segunda ou terça-feira (29) em explorar suas reservas nacionais estratégicas de petróleo, segundo as autoridades.
A decisão incluiria 40 milhões de barris dos Estados Unidos, principalmente de qualidade leve, disseram as fontes.
Os Estados Unidos informaram a Arábia Saudita para garantir que o líder de fato da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) não reaja à medida interrompendo os aumentos de produção planejados, acrescentam as fontes.
Autoridades norte-americanas não pediram suprimentos adicionais da Arábia Saudita durante uma viagem ao local no início de fevereiro, depois de terem sido rejeitadas anteriormente, disseram pessoas informadas por ambos os lados.
A AIE se recusou a comentar. O Departamento de Energia dos Estados Unidos não respondeu ao pedido de comentário.
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O petróleo é considerado uma commodity. O termo se refere a recursos finitos que têm origem na natureza e são comercializados. No caso, o petróleo é usado principalmente como combustível, mas também dá origem a materiais como o plástico • REUTERS/Vasily Fedosenko
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O petróleo pode ser de vários tipos, dependendo principalmente do seu grau de impureza. Os dois principais, Brent e WTI, são leves (pouco impuros), e a diferença se dá pelo local de negociação: bolsa de Nova York no caso do Brent e bolsa de Londres no caso do WTI • Instagram/ Reprodução
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Os preços do petróleo seguem uma cotação internacional, e flutuam pela oferta e demanda. No Brasil, o preço de referência adotado pela Petrobras - maior produtora no país - é do Brent, seguindo a cotação internacional, em dólar • REUTERS
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Quando se fala da comercialização de petróleo, um fator importante é a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Com 13 membros, ela é responsável por quase 50% da produção mundial de petróleo, e portanto consegue regular a oferta - e preços - pelos fluxos de produção • Reuters/Dado Ruvic
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A partir de 2020, os preços do petróleo foram afetados pela pandemia e pela guerra na Ucrânia. A Opep+ (que inclui países aliados do grupo, como a Rússia) decidiu cortar a produção temporariamente devido à baixa demanda com lockdowns, e os preços caíram. A média em 2020 foi US$ 40, distante da de anos anteriores, entre US$ 60 e US$ 70 • REUTERS
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Em 2021, porém, o cenário mudou, com o avanço da vacinação, os países reabriram rapidamente, e a demanda por commodities decolou, incluindo pelo petróleo. A Opep+, porém, decidiu manter os níveis de produção de 2020, e a oferta baixa fez os preços saltaram, ultrapassando US$ 80 • REUTERS/Nick Oxford
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Já em 2022, a situação piorou. A guerra na Ucrânia, e as sanções ocidentais a um dos maiores produtores mundiais da commodity, a Rússia, fizeram os preços dispararem, ultrapassando os US$ 120. Atualmente, o barril varia entre US$ 100 e US$ 115 • 03/06/2022REUTERS/Angus Mordant
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A alta dos preços do petróleo, porém, trouxe consequências negativas para o Brasil. Como a Petrobras segue a cotação internacional e o dólar está valorizado ante o real, ela subiu o preço nas refinarias, o que levou a uma elevação da gasolina e outros combustíveis. Até o momento, o preço da gasolina já subiu 70% • REUTERS/Max Rossi
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A alta do petróleo não afetou só o Brasil. Países dependentes da commodity, como EUA, Índia e Reino Unido, também viram os preços dos combustíveis subirem, e têm tentado pressionar a Opep+ a retomar os níveis de produção pré-pandemia, o que tem ocorrido lentamente enquanto a organização aproveita para se recuperar das perdas em 2020 • Reuters
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Aumento de produção
Delegados da Opep disseram que o grupo e seus aliados produtores de petróleo liderados pela Rússia estão planejando aumentar sua produção coletiva em mais 400.000 barris por dia (bpd) em abril em uma reunião marcada para o final desta semana.
O aumento estaria alinhado com o que o cartel, chamado Opep+, concordou no ano passado como parte de um plano para aumentar a produção para níveis pré-pandemia.
Em reuniões preparatórias internas na semana passada para discutir o possível impacto no fornecimento da invasão russa na Ucrânia, o cartel manteve sua avaliação de que haveria um superávit no primeiro trimestre do ano na ausência de grandes interrupções russas, disseram os delegados.