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    Chefe do Fed aponta risco da variante Delta e não dá sinal de corte de estímulos

    Discurso no simpósio de Jackson Hole indicou que banco central espera maior geração de empregos antes de mudar política monetária

    Jerome Powell falou sobre a variante Delta em seu discurso em Jackson Hole
    Jerome Powell falou sobre a variante Delta em seu discurso em Jackson Hole REUTERS/Kevin Lamarque

    Howard Schneider e Ann Saphirda Reuters

    A economia dos Estados Unidos continua a progredir em direção às condições estabelecidas pelo Federal Reserve para reduzir seus programas emergenciais da era da pandemia, disse o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, nesta sexta-feira (27), em comentários que defenderam a visão de que a atual alta da inflação provavelmente passará e que não chegaram a sinalizar o momento de qualquer mudança efetiva na política monetária.

    Em comentários preparados para um discurso na conferência de banqueiros centrais de Jackson Hole, Powell sinalizou que o Fed permanecerá paciente à medida que tenta levar a economia de volta ao pleno emprego.

    Ele também repetiu que deseja evitar controlar uma inflação “transitória” e potencialmente desencorajar o crescimento do emprego no processo – defendendo a nova abordagem de política monetária do Fed que Powell introduziu há um ano.

    Sobre a decisão potencialmente iminente do Fed de começar a reduzir seus US$ 120 bilhões em compras mensais de ativos, Powell disse que as semanas desde a reunião de julho do Fed “trouxeram mais progresso” na recuperação do mercado de trabalho, com quase um milhão de empregos criados, e que ele deve continuar.

    Mas isso coincidiu com “a propagação da variante Delta. Estaremos avaliando cuidadosamente os próximos dados e os riscos em desenvolvimento”, afirmou Powell.

    Ele disse, ainda, que a maioria dos dirigentes da instituição concorda que, caso a economia continue a evoluir “em geral conforme antecipado”, seria “apropriado começar a reduzir o ritmo das compras de ativos neste ano”, se referindo ao processo conhecido como “tapering”.

    Powell destacou que o Fed continuará suas compras de ativos no ritmo atual até que ocorra mais progresso substancial rumo às metas de máximo emprego e estabilidade de preços. “Mesmo após nossas compras de ativos terminarem, nossa carteira elevada de ativos de longo prazo continuará a apoiar condições financeiras acomodatícias”, ressaltou ele.

    Avanço da variante Delta nos Estados Unidos

    O discurso de Powell sinalizou que as discussões do Fed sobre quando exatamente começar a reduzir seu programa de compra de títulos continuam sem solução, tendo que contemplar agora os riscos econômicos e sanitários representados pela cepa altamente contagiosa do coronavírus.

    As autoridades do Fed têm dito que esperam que o ressurgimento da crise de saúde não desvie a recuperação de seu caminho. Mas a disseminação da Covid-19 forçou o próprio banco central a mudar seu simpósio em Jackson Hole de um encontro em um resort nas montanhas do Wyoming para um evento virtual, medida tomada pelo segundo ano consecutivo.

    As expectativas de crescimento contínuo do emprego baseiam-se, em parte, na reabertura de escolas, na redução das restrições de creches e na retomada constante dos gastos do consumidor com atividades de contato próximo – progressos que podem ser comprometidos pelo agravamento do surto de coronavírus.

    As autoridades do Fed “esperam ver uma forte criação contínua de empregos. E estaremos aprendendo mais sobre os efeitos da variante Delta”, disse Powell em seus comentários preparados. “Por enquanto, acredito que a política monetária está bem posicionada; como sempre, estamos preparados para ajustar”.

    Powell considera que inflação ainda é transitória

    Grande parte do discurso de Powell foi dedicada a explicar o porquê de ele sentir que a aceleração atual da inflação provavelmente será transitória, citando uma lista de fatores, desde gargalos na oferta, que provavelmente diminuirão, até a globalização, que atuaria como uma âncora para os preços.

    Embora o atual ritmo acelerado da alta dos preços seja “um motivo de preocupação”, também seria prejudicial, disse ele, se o Fed se precipitasse com qualquer mudança de política monetária. Particularmente, disse ele, caso houvesse decisão prematura de aumentar a taxa básica de juros do banco central ante seu nível atual próximo de zero.

    “Temos muito terreno a recuperar para alcançar o pleno emprego, e o tempo dirá se atingimos a inflação de 2% em uma base sustentável”, disse Powell.

    *Com informações do Estadão Conteúdo