Entre profissionais com MBA no currículo, mulheres ganham 47% menos
Pesquisa da Catho mostra que mulheres em cargos de chefia ganham cerca de 23% a menos do que homens. Já entre especialistas e analistas, a diferença é de 35%
Dentre as diretrizes de ESG no ambiente corporativo, a igualdade salarial entre gêneros parece a mais simples de ser colocada em prática e, ainda assim, o hiato entre homens e mulheres persiste. Uma pesquisa divulgada pela plataforma de recrutamento Catho, nesta quinta-feira (15), mostra que mulheres ainda ganham menos do que os homens, independentemente da posição hierárquica que ocupam ou do grau de escolaridade.
Com base em dados de 10 mil pessoas, o levantamento identificou que mulheres com maior nível de formação chegam a ganhar metade do salário dos colegas do sexo masculino. Entre profissionais com pós-graduação, MBA ou especialização, a remuneração das mulheres é 47% menor em relação à dos homens.
“Maioria da população brasileira, as mulheres são chefes e responsáveis pelo sustento de 45% das famílias no país. Apoiar a luta pela igualdade salarial é contribuir positivamente para a sociedade como um todo”, disse em nota a diretora de Gente e Gestão da Catho, Patricia Suzuki.
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Ainda de acordo com o estudo, as mulheres em cargos de liderança ganham, em média, 23% a menos do que homens. E o problema fica ainda maior em outros níveis de hierarquia. Entre especialistas e analistas, a discrepância na folha de pagamento chega a 35%. A única exceção é o cargo de assistente, em que as mulheres ganham 2% a mais.
Ou seja, a questão é estrutural.
De acordo com o Fórum Econômico Mundial, no atual ritmo, serão necessários 257 anos para que a desigualdade de gênero no mercado de trabalho acabe. Por que, então, não estabelecer regras de remuneração igualitária dentro das corporações?
“Parece simples, mas não é. Os profissionais de cargos mais altos chegam com experiências muito diferentes, porque o próprio mercado de trabalho oferece mais oportunidades para os homens”, explicou a consultora sênior Elaine Terceiro, da Mais Diversidade. Para cargos de entrada, no entanto, a especialista defende o estabelecimento de salários iguais.
Como exemplos de boas práticas, o governo da Espanha proibiu, na última terça-feira (13), a desigualdade salarial entre homens e mulheres. A nova regra trabalhista exige que as empresas mantenham registros dos salários e os apresentem, caso solicitados, explicou a ministra do Trabalho no país, Yolanda Díaz.
Enquanto isso não acontece no Brasil, uma saída é ajustar a cultura das empresas. “Em primeiro lugar, é preciso ter o apoio da alta liderança corporativa para educar os funcionários e gestores sobre ‘vieses inconscientes’ e liderança inclusiva”, explica a especialista da Mais Diversidade.
(Com Reuters)
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