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    Carta com críticas a Weintraub não tem poder de barrar entrada no Banco Mundial

    Nomeação de ex-titular da Educação só pode ser suspensa por Paulo Guedes, o ministro da Economia que tem poder para indicar o representante do Brasil no órgão

    Nuria Saldanha e Fernando Henrique, da CNN em Washington

    A carta apresentada ao comitê de ética do Banco Mundial que pede a suspensão da nomeação do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub ao cargo de diretor-executivo serve apenas como uma nota desagravo e expõe a opinião da maioria dos colaboradores do órgão, informou à CNN uma fonte ligada à liderança da Associação de Funcionários. O pedido, assinado pela associação, não tem força para barrar a nomeação.

    O texto ressalta ao comitê de ética falas de teor preconceituoso e racista ditas por Weintraub ao longo de sua passagem pela pasta da Educação, com destaque a uma publicação nas redes sociais em que o ex-ministro ironizou os chineses, os acusando de “dominação mundial” e os responsabilizando pelo surgimento da Covid-19.

    O argumento apresentado pela Associação dos Funcionário é de que o Banco Mundial não pode admitir um diretor-executivo que desrespeite o compromisso de diminuição da desigualdade, proposto pela organização na data da fundação em 1944.

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    Por sua vez, a nomeação de Abraham Weintraub só pode ser suspensa por Paulo Guedes, o ministro da Economia que tem poder para indicar o representante do Brasil no órgão. Outra possibilidade seria um eventual desrespeito às regras de conduta do banco, depois da posse no cargo.

    Houve um episódio parecido, em 2012, quando César Guido Forcieri foi indicado a um cargo de diretor, pela Argentina. Na época da nomeação, ele era suspeito de fazer parte de um esquema de corrupção, no seu país de origem, que passou a ser investigado em 2014.

    Weintraub deixou o Ministério da Educação na quinta-feira (18) e chegou aos Estados Unidos dois dias depois – quando teve a exoneração publicada no Diário Oficial da União (DOU).

    Após a polêmica sobre ter usado o passaporte diplomático – ao qual tinha direito como ministro – para entrar no território norte-americano, a data da exoneração foi retificada em uma nova publicação no DOU.

    À CNN, Weintraub afirmou que ficará nos EUA até assumir o cargo no Banco Mundial. Na instituição, o cargo dele é para integrar o Conselho da Diretoria Executiva do Banco Mundial, formado por 25 cadeiras que representam os 190 acionistas da instituição.

    Investigações

    No Brasil, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta terça-feira (23) mandar para a primeira instância o inquérito que apura se Weintraub cometeu crime de racismo. A medida foi antecipada pela CNN na sexta-feira (19).

    Segundo Celso de Mello, como Weintraub foi exonerado, não é mais competência da Corte analisar a acusação de racismo. O ministro pediu que a PGR (Procuradoria-Geral da República) indique que órgão do Ministério Público na primeira instância dará continuidade ao inquérito.

    No entanto, Weintraub deve continuar sob o crivo do Supremo no inquérito das fake news, que é conduzido pelo próprio tribunal. Nove ministros já votaram a favor de manter o ex-ministro nesta investigação.

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