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    Busca por produtos eróticos dispara na quarentena e vendas crescem até 475%

    Comércio comemora chegada de clientes novos; Dia dos Namorados é o Natal do setor em termos de vendas

    Matheus Prado, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    O isolamento social imposto pela pandemia do novo coronavírus tem mudado os hábitos de consumo da população. Sem poder ir aos restaurantes, os pedidos por delivery fizeram explodir o vai-e-vem de motos e bicicletas pela cidade. E, sem poder se encontrar com os contatinhos ou avançar com as conversas nos aplicativos, o mercado de sex-shop e a indústria erótica também cresceram – e muito – com a quarentena.

    A pedido do CNN Brasil Business, a plataforma de comparação de preços Zoom & Buscapé fez um levantamento que mostra a evolução na busca por produtos eróticos no site. Comparando dados de janeiro e maio, a maioria dos itens teve aumento de pelo menos 30% na procura. Destaque para os jogos eróticos, que subiram 41%. Comparando apenas abril e maio, a busca por comestíveis eróticos cresceu 113%.

    Essa procura avassaladora beneficiou principalmente as lojas que já possuíam forte presença no e-commerce. A Dona Coelha, sex shop voltada para o público feminino que opera online desde sua abertura em 2011, registrou um aumento de vendas de 475% comparando com o mesmo período do ano anterior.

    Natali Gutierrez, co-fundadora do negócio e especialista em sex toys, conta que normalmente recebiam 150 pedidos por dia, número que aumentou para 400 durante a pandemia. No período, está sendo especialmente notória a procura de clientes novos. “Começam com algo mais suave, para que a primeira experiência não se torne algo traumático, e depois avançam para produtos como vibradores”, conta.

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    “Os sex toys auxiliam as pessoas a descobrirem novas formas de intimidade e de prazer. Isso não vale apenas para os casais, que se viram obrigados a conviver 24 horas por dia. Também me refiro aos solteiros que não exploraram ainda sua sexualidade”, diz a empresária.

    A Intt, marca que produz cosméticos eróticos e importa sex toys, também se surpreendeu com o movimento. A empresa até possui um marketplace online, mas a maior parte das suas receitas vem da distribuição dos produtos para as lojas, estando presente em todos os estados do país e em 38 mil pontos de venda. Os pedidos chegaram a cair em março, então neste primeiro momento a empresa decidiu fabricar álcool em gel para segurar a operação. Em abril, no entanto, o mercado voltou a aquecer.

    “O dia dos namorados é o nosso Natal em termos de vendas. Com a queda no início da quarentena, achamos que poderia ser um ano ruim, mas agora estamos com performance 20% melhor do que no mesmo período do ano passado”, afirma Stephanie Seitz, diretora de marketing da operação. “As lojas tiveram um período de adaptação no início, mas agora já estão trabalhando outros meios para chegar ao cliente final.” 

    Novas oportunidades de negócios com a pandemia

    Além do e-commerce, que virou praticamente um pré-requisito de sobrevivência, as lojas têm apostado em outras abordagens. Há o “sex thru”, por exemplo, em que os clientes encomendam os produtos e vão passam para buscar na loja, e o próprio WhatsApp, que virou um segundo marketplace.

    Os negócios também têm deixado kits com produtos variados na casa dos consumidores, que escolhem quais brinquedos vão querer adquirir.

    A escritora e ex-presidente da Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual (ABEME), Paula Aguiar, realizou uma pesquisa com 120 lojistas através do site Mercado Erótico. “Já foram vendidos mais de um milhão de vibradores no Brasil nesta quarentena”, diz. “Este período trouxe clientes que estavam fora do escopo do mercado. Pessoas que, se não fosse a pandemia, talvez não pensassem em comprar estes produtos”, resume.

    Para se ter uma ideia, a industria costuma vender 9,5 milhões de itens por mês e faturou mais de R$ 2 bilhões em 2019, segundo dados da pesquisa. Ainda não há, no entanto, estimativas de quanto o crescimento das vendas online durante a quarentena afetará as cifras anuais do mercado, já que há também muitas lojas físicas fechadas. A entidade acredita que os valores devem se manter no mesmo patamar.

    Daniella Albieri, de 31 anos, adquiriu seu primeiro sex toy durante a quarentena. “Eu não tinha conhecimento do mercado de cosméticos sensuais, posso até dizer que tinha um certo pré-conceito sobre”, diz. Ela explica que decidiu se aventurar para conhecer melhor seu próprio corpo melhor e, claro, por não poder ter relações sexuais durante a quarentena. “Comprei um excitante feminino que pulsa, esquenta, vibra e tem uma ponta vibratória acoplada, possibilitando estimular toda a região”, explica.

    E, passado esse medo inicial, a tendência é explorar cada vez mais as possibilidades. Paula Souza, de 33 anos, tem parceiro estável, já possuía sex toys e decidiu comprar mais durante o período de isolamento.

    A prática do swing precisou ser adiada durante a quarentena. No entanto, a prática tem migrado para a internet: o Sexlog, site voltado para este público com mais de 12 milhões de usuários, viu a base de cadastros crescer em 20% e a de assinantes pagos em 6%.

    Diretora de marketing do Sexlog, Mayumi Sato afirma que a empresa notou um aumento de lives e de envio de vídeos durante o período do isolamento.

    “As pessoas estão utilizando este período como um esquenta do que está por vir. Mantendo os contatinhos em dia e esperando o momento em que vão poder se encontrar ao vivo novamente”, diz. Os dados do Sexlog também mostram que o tráfego tem começado mais cedo, às 22h, duas horas antes do que costumava ser.

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    O casal Marina Rotty e Marcio Wolf, juntos há mais de duas décadas, são adeptos do swing há 14 anos. Apesar de manterem profissões independentes do hobby, ela é psicóloga e ele é empresário, possuem um blog sobre o tema e dão cursos para casais que se interessam pelo swing. Eles contam que aumentaram sua presença online, mas não têm tido o mesmo impacto. 

    “Normalmente, conversamos com os casais durante a semana e marcamos de se encontrar nos finais de semana. Agora, estamos adiando os encontros”, contam. “A gente até postou algumas fotos, fizemos live, mas o virtual tem limitações.”

    A interrupção nos negócios presenciais pode, inclusive, levar à falência algumas casas do gênero. Paulo Machado, relações públicas da casa de swing Imperium Club, conta que a casa vivia seu melhor momento em cinco anos antes do fechamento e por isso deve conseguir se manter de pé.

    Agora, donos dos empreendimentos negociam adiamento da cobrança de aluguel dos imóveis. E o público aguarda a volta das festas. Eles não veem a hora de voltar. “Mantemos o contato com os clientes e eles não veem a hora de voltar”, resume.

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