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    Brexit: Boris indica 15 de outubro como prazo para acordo comercial com UE

    Premiê diz que 'não vê acordo de livre comércio' após a data. Comércio das empresas britânicas com o bloco pode ser seriamente comprometido

    Premiê britânico, Boris Johnson, discursa em frente à sua residência oficial em Londres
    Premiê britânico, Boris Johnson, discursa em frente à sua residência oficial em Londres Foto: Pippa Fowles/10 Downing Street - 27.abr.2020/Reuters

    Paul Sandle,

    da Reuters

    O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, projetou um prazo até 15 de outubro para que o país chegue a um acordo de livre comércio com a União Europeia (UE) nas negociações do Brexit. Na visão dele, se até a data nada for acordado, os dois lados devem “aceitar isso e seguir em frente”.

    Johnson entende que não há sentido em pensar em prazos após 15 de outubro. “Se não chegarmos a um acordo até lá, não vejo que haverá um acordo de livre comércio entre nós, e devemos ambos aceitá-lo e seguir em frente”, diz Johnson, segundo comunicado divulgado por gabinete.

    O Reino Unido deixou a UE em 31 de janeiro, mas desde então há negociações com o objetivo de fechar um novo acordo comercial antes do fim de um “plano de transição do status quo” com validade até 31 de dezembro de 2020. Na prática, as mudanças devem ocorrer a partir de 2021. 

    Leia e assista também:
    Coronavírus e Brexit: um duplo desafio para o Reino Unido

    Sem um acordo, o comércio de quase US$ 1 trilhão entre o Reino Unido e a União Europeia pode ser seriamente comprometido, desde peças de automóveis e medicamentos a frutas e dados.

    Com o posicionamento de Johnson, as negociações comerciais do Brexit mergulharam em crise nesta segunda-feira, com as indicações de que o Reino Unido poderia efetivamente anular o acordo de saída que assinou, a menos que o bloco europeu concorde com um acordo de livre comércio até 15 de outubro.

    A insegurança cresce ainda mais por conta de uma reportagem do Financial Times, que cita pessoas próximas das negociações pelo lado britânico. Segundo a matéria, em uma das reviravoltas mais surpreendentes da saga Brexit de 4 anos, o Reino Unido está planejando uma nova legislação que substituirá partes-chave do Acordo de Retirada do Brexit – uma etapa que, se implementada, pode ameaçar um tratado assinado em janeiro e alimentar a tensão entre Irlanda e Irlanda do Norte.

    De acordo com a reportagem, seções do projeto de lei do mercado interno, que devem ser publicadas na quarta-feira, devem “eliminar a força legal de partes do acordo de retirada” em áreas como ajuda estatal e alfândega da Irlanda do Norte.

    Negociações sobre a Irlanda

    O plano relatado pelo Financial Times para minar o Acordo de Retirada – divulgado na véspera de uma nova rodada de negociações em Londres – foi condenado por partes em ambos os lados da fronteira irlandesa.

    O ministro das Relações Exteriores da Irlanda, Simon Coveney, que desempenhou um papel fundamental na negociação do acordo de retirada e do protocolo da Irlanda do Norte, disse no Twitter que a medida relatada “seria uma maneira muito imprudente de proceder”.

    Membros importantes dos partidos Sinn Fein e SDLP da Irlanda do Norte, os dois maiores grupos nacionalistas irlandeses da região, também criticaram o plano do governo britânico, conforme relatado pelo jornal.

    Se nenhum acordo for fechado, o Reino Unido teria uma relação comercial com o bloco como a da Austrália, o que seria “um bom resultado”, disse o gabinete de Johnson.

    “Como governo estamos nos preparando, nas nossas fronteiras e nos nossos portos, para estarmos prontos para isso”, dirá. “Teremos controle total sobre nossas leis, regras e águas de pesca.”

    Nesse caso, o Reino Unido estaria pronto para encontrar um acordo com o bloco em questões práticas como voos, transporte de caminhões ou cooperação científica, de acordo com os trechos.