Brasil lidera ranking de juros reais com o dobro do 2º colocado, aponta levantamento
Considerando o valor nominal da taxa, de 13,75%, os juros brasileiros ficam na terceira posição dentre 40 países
O Brasil continua com os maiores juros reais dentre 40 economias, e a diferença para o segundo colocando aumentou para mais que o dobro após a alta realizada pelo Banco Central na quarta-feira (3), segundo um levantamento da corretora Infinity Asset.
O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual, para 13,75% ao ano. Com isso, a taxa de juros real do Brasil subiu de 8,10% em junho para 8,52% em agosto.
Os juros reais são calculados a partir do desconto da taxa nominal definida pelo comitê pela projeção de inflação para os próximos 12 meses.
Além de continuar liderando a lista, o Brasil ampliou a distância para o segundo colocado, o México. Em junho, o país tinha juros reais de 4,48%, e agora eles estão em 4,20%. Com isso, a diferença entre as duas taxas aumentou, sendo mais que o dobro.
Fechando a lista dos cinco maiores juros reais estão a Hungria (3,5%), a Colômbia (3,18%) e a Indonésia (2,2%). O Chile, que em julho registrou a maior inflação em 30 anos, caiu uma posição em relação a junho, da quinta para a sexta, e agora possui juros reais de 1,79%.
Já os menores juros reais são da Bélgica (-7,09%), Grécia (-6,92%), Holanda (-6,7%), Espanha (-6,49%) e Alemanha (-6,19%).
A média de juros reais dentre os 40 países foi de -1,89%, indicando que as inflações projetadas ainda tendem a ser maiores que as taxas de juros atuais.
Considerando apenas a taxa nominal de juros, o Brasil manteve a terceira colocação no ranking. A maior taxa nominal é a da Argentina, que de junho a agosto subiu de 49% para 60%, enquanto o país enfrenta níveis cada vez maiores de inflação.
Também enfrentando níveis elevados de inflação, a Turquia manteve a segunda colocação, com 14%. Como o país não elevou os juros na reunião de julho, a diferença para o Brasil diminuiu, e agora é de 0,25 p.p. Completam a lista a Hungria (10,75%) e o Chile (9,75%).
As menores taxas de juros são da Suíça (-0,75%), Dinamarca (-0,1%), Japão (-0,1%) e dos países que compõem a zona do euro, todos com um mesmo patamar de 0,5%. A média dos 40 países foi de 4,87%, ante 4,01% em junho.
Segundo a Infinity Asset, houve “uma redução das pressões de inflação global, perdendo força em parte das medidas, dadas as retomadas dos embarques industriais na China e relativa estabilidade da questão russo/ucraniana”.
“Os programas de aperto quantitativo continuam lentos, e o movimento global de políticas de aperto monetário continuou a ganhar força, com o aumento expressivo no número de BCs sinalizando preocupação com a inflação, mesmo com a queda do preço de commodities”, ressalta a corretora. Dos 40 países analisados, 82,5% subiram seus juros entre junho e agosto.