Brasil e EUA vão aprofundar acordo econômico, diz chefe do comércio da Casa Branca
Em 2022, comércio bilateral teve crescimento de 26% na comparação com o ano anterior e bateu recorde histórico, alcançando quase US$ 89 bilhões
Brasil e Estados Unidos vão negociar um aprofundamento do Acordo de Comércio e Cooperação Econômica (ATEC) fechado entre os dois países em 2020. A decisão foi tomada em reuniões da representante de comércio da Casa Branca (USTR), Katherine Tai, com o vice-presidente Geraldo Alckmin e com o chanceler Mauro Vieira.
O acordo atual abrange temas como simplificação alfandegária e boas práticas regulatórias.
Em entrevista à CNN nesta quarta-feira (8), Tai disse esperar que equipes dos dois governos se encontrem no segundo semestre e consigam ampliar essa parceria econômica antes do aniversário de 200 anos das relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, em 2024.
Em 2022, o comércio bilateral teve crescimento de 26% na comparação com o ano anterior e bateu recorde histórico, alcançando quase US$ 89 bilhões. O estoque de investimentos diretos chega a US$ 200 bilhões.
A chefe do USTR, que faz parte do primeiro escalão do governo americano, não dá sinalizações sobre o eventual início de negociações para um acordo de livre comércio entre Estados Unidos e Mercosul.
No entanto, ela classifica o relacionamento comercial com a região como uma “enorme prioridade” e afirma ver oportunidades em movimentos recentes da economia mundial.
“Vamos priorizar ainda mais nosso envolvimento econômico nesta região. Também vou dizer que, em resposta às disrupções econômicas globais, à vulnerabilidade da cadeia de suprimentos que estamos passando por causa da pandemia, à pressões sobre energia, comida e comércio, temos um foco renovado na regionalização como parte de uma resposta para criar mais resistência para a economia global”, disse Tai.
A representante comercial fez um balanço positivo de suas conversas com Geraldo Alckmin e Mauro Vieira, em Brasília, onde ela ficou por dois dias. “Ficou claro que ambos encaram com muita seriedade as responsabilidades em demonstrar que o Brasil está de volta ao cenário global, e que o Brasil está pronto para liderar e fazer parcerias. Essa é a mensagem que eu recebi, muito positiva, e estamos igualmente prontos para construir essa relação com o Brasil”.
Katherine Tai foi prudente ao falar da presença crescente da China na América Latina e um possível dilema no momento de optar por parcerias com os Estados Unidos ou com o gigante asiático.
“Como entendi ao longo desta viagem, o Brasil é talvez tão polarizado quanto nós [EUA]. A conversa pode se tornar muito intensa politicamente. Acredito que é importante que nós, com nossa responsabilidade política, continuemos muito sóbrios”.
“Eu acho que, se você confia na experiência dos seus líderes de tomar essa decisão, pode ter algumas áreas onde você terá de escolher, e algumas outras onde você pode cultivar relações com ambos”, concluiu Tai.