‘Brasil corre risco de ficar irrelevante no comércio mundial’, avalia CNI
À CNN, presidente da Confederação Nacional da Indústria diz que o país precisa firmar acordos internacionais que favoreçam a produção nacional
Em entrevista à CNN, o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Robson Andrade, disse que o Brasil corre o risco de se tornar “irrelevante” no comércio internacional, se não mudar os acordos com outros países.
“Se nós continuarmos da forma como estamos, nós corremos o risco de ficarmos irrelevantes no comércio mundial, com um mercado numeroso do ponto de vista de população, mas muito reduzido do ponto de vista do consumo, de capacidade de renda, e sermos um player pouco relevante ou irrelevante no cenário internacional.”
Andrade avalia que o Brasil necessita estabelecer acordos comerciais que sejam “bons para ambos os lados”, e não apenas baseados em commodities que outros países já teriam que, necessariamente, comprar daqui.
“Não adianta a gente fazer acordo internacional baseado em determinadas commodities que os outros países já teriam que comprar da gente, porque, se não comprarem, não tem de onde eles adquirirem a quantidade necessária para suprir suas necessidades.”
Ele complementa dizendo que o Vietnã se interessa em exportar calçado e vestuário ao Brasil, e a Coréia do Sul busca nos vender máquinas e equipamentos, mas indaga: “E o que eles comprar nosso? Nada. Eles produzem quase tudo. Talvez comprem minério, mas, minério, eles já teriam que comprar o nosso mesmo.”
Robson Andrade diz que o setor produtivo avalia como ineficiente o que o governo federal fez para o setor até o momento. “Nós nunca estamos satisfeitos e nem sei se chegaremos a um ponto de estarmos satisfeitos”, afirma.
“Você quer ver o Brasil não aí, na 13ª ou 14ª [posição] de nação do mundo, nós queremos vê-lo entre os três primeiros. Existe uma impaciência do empresariado de que essa coisa seja mais rápida e mais ágil”, complementa.
No entanto, o presidente da CNI reconhece que, apesar da pandemia de Covid-19, a partir do segundo semestre de 2020, o setor da indústria começou a dar sinais de recuperação. “A partir de setembro, outubro, essa recuperação foi mais forte.”
Em 2021, Andrade observa que houve crescimento, principalmente quando comparado à capacidade de produçaõ de dez anos atrás.
“Esse ano, nós estamos trabalhando com a utilização de capacidade instalada das nossas fábricas acima de um patamar que a gente trabalhava dez anos atrás. Nós estamos, hoje, com uma boa produção nas nossas fábricas, mas precisando melhorar preços e reduzir custos”, aponta.