Bradesco cria ‘ranking ambiental’ de empresas para hierarquizar investimentos
Com R$ 520 bilhões sob gestão, a administradora de recursos do Bradesco tem 260 companhias dentro de seus fundos de investimentos
Segunda maior gestora de recursos privada do país, a Bradesco Asset Management (Bram) vai criar um ranking para identificar as empresas de seu portfólio que mais investem de acordo com as melhores práticas ambientais, sociais e de governança (ESG). Com R$ 520 bilhões sob gestão, a administradora de recursos do Bradesco tem 260 companhias dentro de seus fundos de investimentos.
“Da mesma forma que o investidor avalia o balanço da empresa e a qualidade de gestão, a gente tem de analisar se as empresas estão cumprindo com os três pilares ESG”, diz Renato Ejnisman, diretor executivo do banco Bradesco, responsável pela gestora, pelo private banking e pela área internacional da instituição financeira.
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Ao longo deste semestre, a gestora está se estruturando para fazer a classificação das empresas, que receberão notas de zero a 100. “Desde 2007, fazíamos análise das empresas dentro desses critérios. Também somos signatários desde 2010 dos Princípios para o Investimento Responsável (PRI), iniciativa da ONU. Mas, a partir de agora, (o processo) será feito de maneira mais sistemática. O ranking será público”, disse o executivo.
A classificação vai ajudar a definir decisões de investimento. “Quem tem uma classificação melhor, tende a ter mais recurso. Mas o que gente quer é que as empresas saibam como o banco quer que elas sejam”, diz Ejnisman. Pela classificação atual da atual da gestora, as cinco empresas mais bem posicionadas para investir são Natura, Renner, B3, Bradesco e Itaú.
Entre as 260 empresas do portfólio da Bradesco Asset Management estão companhias de capital aberto e empresas que fazem emissão de dívidas. O Bradesco, por meio do braço de participações, o Bradespar, é investidor de grandes grupos, como a mineradora Vale.
“Hoje, os investidores, os acionistas do Bradesco e o mercado exigem muito mais do que desempenho financeiro de uma empresa”, afirma o executivo. Mas, ao contrário de alguns investidores e gestoras de recursos, a administradora de recursos do Bradesco não terá filtro negativo para empresas mal posicionadas no ranking. “Nossa postura é ser parceira da companhia para ela melhorar.”
Há quem adote postura mais dura. A gestora de recursos brasileira Fama, por exemplo, não investe em empresas como a Vale e Petrobrás. Na semana passada, a JBS foi excluída pelo fundo finlandês Nordea. A mineradora Vale não faz mais parte do portfólio do fundo soberano Norges Bank, da Noruega.
Com o Brasil sob o holofote por causa da alta das queimadas e do desmatamento, gestoras e bancos brasileiros estão estruturando fundos verdes. O Santander lançou recentemente um fundo ESG. XP Investimentos e o BTG Pactual também estão reforçando apostas para ampliar sua fatia na gestão de recursos dentro dos critérios ESG.
Como parte dessa nova postura, a Bram vai relançar dois fundos de investimentos. O primeiro, focado em renda fixa, era dedicado a grandes fundos institucionais. Agora será aberto a investidores de varejo, com aporte a partir de R$ 1 mil. O outro é de renda variável. “A gente terá mais liberdade para escolher as empresas que considera ter as melhores atuações.”
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