Dólar sobe a R$ 5,41 e bolsa tem alta de 0,8%; Embraer dispara 14%
Mercado está atento a volta do auxílio emergencial e a sinais de inflação nos EUA após estímulos trilionários, o que poderia levar a uma alta de juros
O dólar comercial fechou esta quarta-feira (17), em alta de 0,76%, cotado a R$ 5,415 na venda.
O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, fechou em alta 0,78%, a 120.355,79 pontos, após dois dias sem funcioamento pelo feriado de Carnaval, e com um pregão mais curto. Nesta quarta, as negociações começaram às 13h, também por conta da volta do feriado.
Liderando as altas, as ações da Embraer (EMBR3) encerrou o dia com ganho de 14,09%. A companhia divulgou na sexta-feira passada relatório de entregas de aeronaves mostrando uma aceleração no quarto trimestre, embora no ano como um todo os envios tenham caído quase 35%.
Altas fortes também em empresas de commodities, como Petrobras (PETR3, PETR4) e o frigorífico Minerva (MRFG3), que subiram mais de 4%, ajudaram a puxar a bolsa brasileira para cima em uma dia de desempenho negativo nos Estados Unidos e em outras praças.
Auxílio e inflação nos EUA preocupam
Entre os fatores de pressão sobre os mercados, pesou um movimento global de valorização do dólar, frente a um temor de que a inflação possa subir nos Estados Unidos.
No Brasil, há também o receio do mercado financeiro em relação à volta do auxílio emergencial. Ainda não há detalhes de como as novas parcelas seriam pagas e a possibilidade de que o novo gasto pressione a dívida já alta do país preocupa.
Dados mostraram nesta manhã que os preços ao produtor dos EUA tiveram em janeiro a maior alta desde 2009, sugerindo que a inflação nas portas das fábricas está começando a subir. Há uma percepção crescente entre os analistas de que o caminhão de estímulos trilionários dados pelos Estados Unidos pode levar a um aumento da inflação.
Os preços mais altos, por sua vez, poderiam levar o Federal Reserve (Fed, banco central americano) a retirar parte de seus estímulos e subir os juros, hoje próximos de zero. Juros mais altos atraem mais capital para os títulos norte-americanos, o que ajuda a fazer o dólar a ficar mais forte em relação às outras moedas.
Por outro lado, números das vendas no varejo dos EUA, também divulgados hoje, mostraram recuperação acentuada em janeiro, depois que as famílias receberam dinheiro adicional do governo como ajuda no contexto da pandemia. O desempenho do varejo sugere uma retomada da atividade econômica, após ser pressionada por uma nova onda de infecções por Covid-19 no ano passado.
La fora
Nos Estados Unidos, os índices tiveram direções opostas, com as ações de tecnologia puxando uma parte do mercado para baixo.
O Nasdaq, índice de tecnologia, caiu 0,58%, para 13.965,50 pontos. O Dow Jones subiu 0,29%, para 31.613,02 pontos, e o S&P 500 ficou quase estável, com variação negativa de 0,03%.
Na Europa, as ações recuaram ante as máximas em quase um ano, também atentas à pressão sobre os juros futuros causada pelos sinais de inflação no país. O índice FTSEurofirst 300 caiu 0,7%, a 1.603 pontos, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 perdeu 0,74%, a 416 pontos.
As bolsas asiáticas encerraram os negócios do dia sem direção única. Algumas caíram por conta da realização de lucros dos investidores, após dias de alta puxadas pelas expectativas com o avanço das vacinações contra a Covid-19 no mundo e a possibilidade de uma recuperação econômica global mais rápida.
O índice acionário japonês Nikkei caiu 0,58% em Tóquio, após renovar sucessivas máximas de fechamento em mais de 30 anos. O sul-coreano Kospi recuou 0,93% em Seul, a 3.133,73 pontos, interrompendo uma sequência de três pregões positivos.
Já o Hang Seng avançou 1,10% em Hong Kong, a 31.084,94 pontos, atingindo o maior patamar desde junho de 2018, e o Taiex, que não operava desde o dia 5 por causa de feriados em Taiwan, saltou 3,54%, a 16.362,29 pontos.
Na China continental, os mercados vão reabrir na quinta-feira (18), após feriado de uma semana por ocasião do ano-novo lunar.