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    Black Friday salvação e Cyber Monday ‘puxadinho’: o balanço para o varejo

    Vendas pela internet movimentam boa parte da Black Friday 2020, mas Cyber Monday ainda não pegou do jeito que alguns varejistas gostariam

    André Jankavski, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Mais um ano se passou e a Black Friday fincou de vez a bandeira como uma das principais datas para o varejo brasileiro. Segundo levantamento realizado pela consultoria Ebit/Nielsen, somente na internet, as vendas totais subiram 25% de 2019 para cá, alcançando R$ 4 bilhões em um dia. Os dados levando em conta as vendas no varejo físico ainda não foram divulgadas, mas olhando o número das empresas dá para se ter uma ideia.

    O Magazine Luiza (MGLU3) anunciou que dobrou as vendas na Black Friday de 2020 (tanto em lojas físicas quanto virtuais). Detalhe: o mês de novembro foi o seu melhor mês em receita na história.

    A Via Varejo (VVAR3), dona da Casas Bahia e do Ponto Frio, bateu R$ 3 bilhões em vendas na data – mas ela levou em conta o período entre 22 e 28 de novembro. Por causa da pandemia, a empresa preferiu espaçar mais as ofertas, a fim de evitar aglomerações.

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    Por último, o Mercado Livre teve um resultado acima do esperado. Se era estimada uma alta de 100% no volume de vendas, a empresa argentina (mas que tem boa parte do seu faturamento no Brasil) divulgou que o total chegou a um crescimento de 130%.

    As vendas pela internet, é claro, tiveram um grande empurrão da pandemia. Os consumidores, de certa forma, precisaram se digitalizar de maneira forçada durante a quarentena e, mesmo com boa parte das lojas físicas abertas, pegaram gosto pela conveniência de comprar pela internet.

    Ajuda o fato de que as empresas do setor terem começado uma guerra de quem entrega mais rápido – com compras sendo enviadas, até mesmo, em questão de horas.

    A Black Friday pode até ser considerada uma salvação do faturamento para diversas empresas. Até mesmo para as pequenas. Segundo a Nuvemshop, que funciona como uma plataforma para pequenas e médias venderem pela internet, as vendas desse público deram um salto exponencial: 150% em volume.

    “A Black Friday 2020 movimentou com força a economia do Brasil, o que comprovou a relevância do e-commerce neste ano”, afirma Alejandro Vázquez, CCO e cofundador da Nuvemshop. Com o resultado, a Nuvemshop acredita que conseguirá ultrapassar os US$ 1 bilhão em vendas neste ano, cinco vezes mais do que em 2019.

    Mas há diversos varejistas que não aprovam completamente a Black Friday. Sim, a data é importante para as vendas. Mas, ao mesmo tempo, canibaliza parte do faturamento esperado para dezembro, que é beneficiado pelas vendas de final de ano e também pela chegada do 13º salário.

    Há um movimento para tirar o peso da Black Friday. Foi criada, por exemplo, a “Semana do Brasil”, em setembro. Os resultados, contudo, não foram de brilhar os olhos: R$ 2,3 bilhões em sete dias.

    Cyber Monday ‘puxadinho’

    Se a Black Friday pegou no Brasil, não se pode falar que a Cyber Monday teve a mesma força. Primeiro, é importante explicar o motivo de cada data.

    Nos Estados Unidos, a principal data festiva familiar é o dia de Ação de Graças (não o Natal, como por aqui). Logo, a Black Friday foi criada para aproveitar esse ímpeto de presentear os entes queridos. A Cyber Monday veio depois, como uma data criada pelas empresas de e-commerce para também terem o seu pedaço das vendas – especialmente no comércio de eletrônicos e smartphones.

    Isso porque a Black Friday é uma data consolidada no varejo físico há anos nos Estados Unidos. Por aqui, a data foi trazida principalmente pelas empresas digitais. Demorou um pouco (até mesmo conviveu por bastante tempo com o apelido de Black Fraude), mas pegou.

    A Cyber Monday, por sua vez, não foi tão abraçada pelos varejistas. O CNN Business visitou diversos sites de e-commerce na segunda-feira e somente Americanas.com e a Amazon estavam com promoções por causa data. O restante continuava utilizando a comunicação da Black Friday.

    “A Cyber Monday não pegou. Até existe, mas não tem a força da Black Friday, e acaba virando um puxadinho”, diz Alberto Serrentino, especialista em varejo e fundador da consultoria Varese Retail. “Mas a própria Black Friday virou ‘Black Week’ ou até mesmo ‘Black November’, por causa da pandemia.”

    No entanto, algumas empresas dizem que a data já é relevante. A varejista japonesa Rakuten afirmou que a Cyber Monday teve 25% da representatividade da Black Friday para a empresa. No ano passado, esse percentual era de 2021.

    “Mas ainda a Black Friday tem o maior ticket médio. Neste ano, por exemplo, foi de R$ 166 contra R$ 136 da Cyber Monday”, diz Luiz Tanisho, diretor geral para o Brasil da Rakuten.

    Horizonte complicado

    Mas o e-commerce não será suficiente para retomar tudo aquilo que foi perdido pela pandemia. O varejo deve ter uma retração de 6,9% neste ano, seugndo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo. E o ano que vem deve ser mais difícil, afinal a taxa de desemprego no Brasil já está batendo número recorde e ainda há muitos riscos no horizonte.

    Fora a espera pela vacina que nunca chega, economistas esperam uma atuação mais forte do governo na questão da crise fiscal.

    Sem isso, a confiança dos investidores e das próprias empresas se esvai. Afinal, quem vai querer investir em um cenário de tanta desconfiança no Brasil? Consequentemente, mais pessoas sem emprego ou com a renda comprometida. Logo, o governo e os congressistas precisaram fazer a sua parte para dar um sinal ao governo.

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