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    Baterias de carros elétricos pegam fogo e podem afastar compradores

    No final de setembro, a BMW iniciou um recall nos Estados Unidos de dez modelos híbridos plug-in BMW e Mini devido ao risco de incêndio

    Peter Valdes-Dapena, , do CNN Business

    As montadoras que buscam avançar no mercado de veículos elétricos têm encontrado um obstáculo nos últimos tempos: as baterias que seguem pegando fogo.

    No final de setembro, a BMW iniciou um recall nos Estados Unidos de dez modelos híbridos plug-in BMW e Mini devido ao risco de incêndio causado por detritos que podem ter entrado nas células da bateria durante a fabricação.

    Depois, no início de outubro, a Administração Nacional de Segurança de Tráfego Rodoviário (NHTSA, na sigla em inglês) dos EUA abriu uma investigação após receber relatos de incêndios de bateria aparentemente espontâneos em veículos elétricos Bolt, da Chevrolet. A GM diz que está cooperando com a investigação.

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    Poucos dias depois, a Hyundai anunciou que estava fazendo o recall de 6.700 SUVs Kona Electric nos Estados Unidos, entre cerca de 75 mil desse modelo a serem recolhidos em todo o mundo, após ter recebido vários relatos de veículos pegando fogo enquanto estavam estacionados. 

    Ao que tudo indica, os incêndios em baterias de carros elétricos continuam a ser ocorrências pouco frequentes, mesmo em comparação com os incêndios com gasolina e diesel. Mas chamam a atenção porque a tecnologia dos veículos elétricos ainda é considerada relativamente nova.

    De acordo com Michelle Krebs, diretora de relações automotivas do site AutoTrader, o fato tem o potencial de afastar os compradores em potencial do crescente mercado de carros elétricos.

    A empresa controladora da AutoTrader, Cox Automotive, pesquisa regularmente os compradores de automóveis sobre suas prioridades ao olhar para um novo veículo. Segundo Krebs, os dois primeiros itens são sempre confiabilidade e segurança. Relatórios de veículos pegando fogo são, obviamente, ruins em ambos os casos. 

    “Haverá uma forte pressão judicial para que as montadoras controlem isso porque este é o mercado futuro e as empresas precisam lidar com isso”, afirmou.

    A Tesla enfrentou esse problema no ano passado, depois que dois incêndios de bateria foram altamente divulgados e empresa acabou atualizando o software do veículo. Anos antes, depois de um incêndio de um carro causado por danos na bateria danificada por sujeira que pegou na rua, a Tesla adicionou placas na parte de baixo de seus carros para proteger as baterias.

    Por que as baterias queimam

    Sejam em carros, smartphones ou automóveis, as baterias de íon-lítio, podem pegar fogo se tiverem sido fabricadas incorretamente, se foram danificadas ou se o software que as protege de receber muita ou pouca carga elétrica falhar, como explicou Ken Boyce, diretor de engenharia de Energia e Tecnologias de Energia da Underwriters Laboratórios, um grupo de teste e segurança de produtos.

    Felizmente, quando você considera quantas baterias de íon-lítio existem no mundo hoje, tais os incêndios são muito raros.

    “Estima-se que a taxa seja de cerca de um em 12 milhões. Isso é bastante favorável”, disse Boyce. “Há algumas ressalvas sobre isso, no entanto. Como saímos de quatro para seis e depois oito bilhões de células [de bateria de íon-lítio] entrando no mercado a cada ano, esse um em 12 milhões ficou menos raro”.

    Células são pequenas baterias individuais que, em um carro elétrico, são colocadas juntas dentro de uma bateria. Um carro elétrico pode ter centenas ou até milhares de células dentro de uma ou mais baterias.

    A demanda do consumidor por carros elétricos com maior autonomia antes da recarga levou os fabricantes e pesquisadores a buscar maneiras de criar baterias que armazenem mais energia – e sem serem maiores e mais pesadas. Para isso, é preciso aumentar a densidade de energia, ou a quantidade de energia que pode ser armazenada em uma determinada quantidade de espaço da bateria.

    Vários caminhos fornecem tal resultado, mas eles devem respeitar os padrões de segurança aceitos da indústria, porque mais energia na bateria significa mais energia potencialmente fora de controle se algo der errado.

    “Não é que o aumento da densidade de energia a torne mais perigosa”, explicou Boyce. “Significa apenas que é muito mais importante garantir que a segurança seja gerenciada de forma realmente holística e eficaz”.

    A gasolina também queima

    É claro que carros movidos a gasolina também podem pegar fogo. Isso não deveria ser surpreendente, já que a combustão é fundamental para o modo como os veículos funcionam.

    Eles carregam contêineres de líquidos altamente inflamáveis, têm motores que esquentam muito e equipamentos elétricos que podem produzir faíscas.

    Ainda assim, os incêndios em carros permanecem relativamente raros. Mas é difícil comparar de forma justa o número de incêndios de gasolina com os de baterias de carros elétricos.

    Em 2018, o ano mais recente para o qual existem estatísticas disponíveis, houve cerca de 181.500 incêndios em “veículos rodoviários” registrados nos Estados Unidos, de acordo com a Associação Nacional de Proteção a Incêndios (NFPA, na sigla em inglês). A grande maioria teria sido em carros ou caminhões movidos a gasolina ou diesel.

    O número de carros elétricos que se incendiaram não chega nem perto. Mas, é claro, há muito menos carros elétricos e híbridos plug-in na estrada. Como observou Marty Ahrens, gerente de pesquisa da NFPA, os incêndios se tornam mais prováveis à medida que os veículos envelhecem, e a maioria dos carros elétricos nas estradas hoje ainda são muito novos.

    Também é importante notar que as pessoas não pararam de comprar carros a gasolina, apesar do risco óbvio de incêndio, apontou Matt DeLorenzo, editor executivo sênior do site da avaliadora de carros Kelley Blue Book. E, como há mais carros elétricos sendo dirigidos por amigos e vizinhos, os compradores provavelmente não serão dissuadidos de comprar um carro elétrico com base em um punhado de incidentes.

    “Se for algo bastante isolado, mesmo que esteja sendo estudado e revelado, não acho que seja um problema”, concluiu.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês)

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